11 de abril de 2019

SEVENS EM PORTUGAL - HONG KONG MOSTROU QUE É POSSÍVEL...

No dia em que os novos Corpos Gerentes da Federação Portuguesa de Rugby tomam posse, nada mais apropriado que recordar que há nove anos atrás, em 2010, a equipa de sevens de Portugal era o inimigo a abater na Europa, depois de vencer o Campeonato Europeu em sete das suas nove edições e graças a isso era convidada em cada ano a participar em vários torneios do Circuito Mundial, com destaque para os anos de 2006-07 (8 torneios), 2009-10 e 2010-11 (5 torneios em cada ano) e 2008-08 e 2011-12 (6 torneios em cada ano).
Em 2013, depois de ter participado assiduamente nos torneios do Circuito Mundial que se disputava desde o ano 2000, e que teve a sua origem no extraordinário Hong Kong Sevens, Portugal conquistou um lugar como equipa residente na (agora) World Rugby Sevens Series, deixando de o ser e de disputar a WSS no final da época 2015-16.

Não é possível compreender porque a partir de 2011/2012 a equipa de sevens de Portugal perde peso e importância, que culminam com a saída da WSS, o afastamento das posições cimeiras do Campeonato da Europa (a partir de 2010-11 designado por Grand Prix Series e disputado em moldes de Circuito), a não qualificação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016) ou para o Mundial de São Francisco (2018), sem ter em conta o completo desprezo a que os sevens foram votados no nosso país pelos dirigentes nacionais do nosso rugby, que por vezes ostensivamente, por vezes de forma camuflada, sempre negaram à variante a importância que ela já tinha e aquela (ainda maior) que se adivinhava e que veio a alcançar.

Sistematicamente colocada em lugar de menor importância, não souberem os dirigentes da FPR até agora tratar os sevens com a seriedade que ele deveria ter, e que pela nossa parte - desde a criação do Mão de Mestre em 2009, e antes disso como membro e presidente da comissão organizadora do Lisboa Sevens de 1987 a 1992 - sempre lhe atribuímos.

Agora, mais uma vez, surgiram declarações de "preocupação", com promessas de interesse e reconhecimento, mas com o histórico das pessoas envolvidas, somos bastante cépticos em relação a essas afirmações, embora, - mais uma vez! - queiramos acreditar que aquelas afirmações são verdadeiras e será dado aos sevens o lugar que eles merecem.

A equipa nacional que esteve em Hong Kong no final de semana passado, e apesar de não ter conseguido uma única vitória, mostrou claramente a naturalidade com que o jogador português encara a variante, e a facilidade com que a assume e desenvolve.
Claro que jogar com as 15 melhores equipas do mundo não é brincadeira, o nosso sete sofreu esse impacto e não conseguiu manter os níveis competitivos durante os 14 minutos dos jogos, embora durante as primeiras partes tenha conseguido fazer frente a qualquer um dos seus adversários.
A nossa equipa precisa de atenção, de cuidados e de competição! Não se pense que se entra num torneio da WSS ou mesmo do GPS sem antes ter feito meia dúzia de torneios que aumentem os níveis competitivos e o tamanho do calo de cada um...

Não há soluções milagrosas numa variante que hoje tem as suas equipas de topo constituídas por atletas de elevadíssimo nível, mas que continua a ser a porta mais aberta para a projeção internacional do rugby nacional.
Portugal produziu no passado (não muito distante) um conjunto de grandes nomes que foram respeitados e temidos em todo o Mundo, e foram eles que fizeram a grande equipa que nós tivemos, acompanhados por técnicos de alto gabarito, cobiçados pelos mais poderosos...

Hoje tudo é mais difícil - perder o comboio deixa marcas e dificulta a reentrada na elite - mas é possível.
Assim haja vontade sem subterfúgios, sem demagogias e sem mentiras.
Mas o tema não pode ser tratado como resto de conversa, ou como conversa para enganar tolo, tem que ser tratado com muita seriedade e consciência da importância dos sevens no posicionamento nacional no meio da comunidade internacional do rugby.

Vamos acompanhar este tema com especial atenção e este assunto será com certeza uma das pedras de toque da avaliação da nova gerência federativa.

EM HONG KONG PORTUGAL MOSTROU O QUE PODE FAZER...
O grupo de apuramento em que Portugal participou integrava a França (finalista na etapa de Vancouver e agora em HK), a Argentina (oitava do ranking da WSS) e o Canadá (décima segunda do ranking) e depois dum jogo inicial em que a França venceu com naturalidade - foi a 37ª vitória dos franceses, contra 24 de Portugal - e não espantam os 7-40 do resultado final.
O segundo jogo de Portugal foi frente à Argentina, e Portugal fez um excelente jogo chegando ao intervalo a vencer por 7-14, aumentando a vantagem para 7-21 no início do segundo tempo, mas a maior experiência dos argentinos acabou por dar a volta ao jogo e ao marcador com o jogo a terminar com a segunda derrota de Portugal, agora por 21-26.
No último encontro da fase de apuramento frente ao Canadá, Portugal marcou primeiro, mas os canadenses recuperaram rapidamente, chegando já na frente ao intervalo (5-14) para no segundo tempo cada equipa marcar por mais uma vez, para um resultado final de 12-19.

Na fase eliminatória Portugal defrontou a Austrália nos quartos de final da Challenge, e teve uma primeira parte de luxo que terminou com os lusitanos na frente por 21-7 mas no segundo tempo faltaram as pernas e a consistência que só (muitos) jogos dão, e os australianos viraram o resultado acabando por vencer por 21-26.
No último encontro de Portugal, frente à Espanha, eram já notórias as dificuldades físicas da equipa, e depois do ensaio inicial dos portugueses, os espanhóis tomaram conta do jogo e foram aumentando o marcador, que terminou com a vitória dos nossos vizinhos por 7-24.

Mas uma coisa é certa, e posso afirmar isso sem medo de engano, a participação portuguesa no torneio de Hong Kong foi francamente positiva e mostrou claramente que existe uma base de trabalho já realizada a que falta - notoriamente - a participação competitiva.
Na falta da participação na WSS, é urgente encontrar alternativas para que Portugal não chegue ao GPS sem mais jogos nas pernas!
A primeira etapa do GPS 2019 decorre em Moscovo a partir de 23 de Julho, e ainda há tempo para tirar o melhor partido dos ensinamentos adquiridos em Hong Kong!

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