3 de julho de 2016

CLUBES DÃO LIÇÃO DE BOM SENSO E REJEITAM ALTERAÇÕES

O bom senso da maioria dos clubes nacionais sobrepôs-se aos desejos centralizadores de uma minoria e a rejeição à proposta federativa de alteração da fórmula de disputa das principais competições nacionais – para cuja votação foi expressamente convocada a Assembleia Geral do passado sábado – levou a que nem sequer chegasse a haver votação, e na próxima época tudo continuará como até agora: 10 equipas na Divisão de Honra e outras 10 na 1ª Divisão.

Uma das principais ilações que se podem tirar desta recusa dos clubes, prende-se com a consciência que grande parte deles têm que a verdadeira prioridade da organização das competições nacionais está nas divisões de baixo - a 2ª Divisão e os Emergentes.
Infelizmente a actual direcção federativa não tem qualquer ideia de como organizar a base do rugby nacional, e isso é tanto mais grave se tivermos em consideração que uma das razões por que Cassiano Neves e seus companheiros conseguiram eleger-se, está directamente ligada à promessa de mudança na atitude da direcção federativa perante os problemas do rugby nacional.

Na verdade os clubes acreditaram que os interesses da maioria passariam a comandar os destinos do nosso rugby, embora não tivessem sido apresentadas propostas concretas de acção para o futuro. Apenas intenções.

Que isto sirva de lição para futuras eleições - infelizmente esta direcção está claramente em contra-pé com o que os clubes querem, e é legítimo perguntar se levará o seu mandato até ao fim, embora ainda não tenham sequer aquecido o lugar.

Na verdade a sequência de asneiras cometidas à frente dos destinos do rugby português é tão grande, que Cassiano Neves conseguiu em pouco mais de seis meses levar a nossa selecção nacional de XV à terceira divisão do rugby europeu, a nossa selecção nacional de Sevens a perder o seu lugar como equipa residente no Circuito Mundial, criou um enorme desagrado com as decisões que tomou em relação aos luso-descendentes (algumas das quais chegam a ser ofensivas), e não foi capaz de cumprir a legislação do rugby nacional para alterar a forma de disputa das competições nacionais no âmbito das competências próprias da Direcção, tendo que recorrer a uma solução extrema através de uma inédita Assembleia Geral, que ainda carecia do acordo unânime de todos os participantes na prova.

Claro que a iniciativa estava condenada ao insucesso, pois bastava uma ausência ou um voto contra de um clube para impedir a aprovação de um conjunto de alterações que eram claramente da preferência de uma minoria de clubes da cidade de Lisboa, e que estavam muito longe de beneficiar o rugby português como um todo.

Preocupada em colher as tâmaras e não em semear as tamareiras, a direcção federativa recebeu a resposta que não queria, e que vai pôr em causa qualquer alteração futura que venha a ser decidida pelo executivo nesta matéria, mesmo no respeito dos prazos regulamentares.

Porque, ao levar a proposta a uma Assembleia Geral especialmente convocada para o efeito e ao receber uma indicação claramente negativa da maioria dos clubes portugueses - que foram indicando ao longo do tempo, onde está a prioridade - a direcção de Cassiano Neves fica numa posição enfraquecida para impor essas mesmas alterações no futuro.

Como parece ser decisão da Direcção, cujo Presidente informou isso mesmo, que vai publicar as alterações que os clubes não querem, para funcionarem na época 2017-2018, mesmo antes de começar a época 2016-2017.

Esperemos que a lição recebida leve a direcção federativa a um caminho diferente, pois caso contrário o cenário de não chegar ao fim da "legislatura" pode muito bem vir a acontecer.

Claro que não é apenas em relação aos Emergentes e à 2ª Divisão que os clubes estão insatisfeitos, pois também em relação ao modelo dos sub-16 e sub-18 se demonstra claramente que a intenção é solucionar o problema dos clubes de Lisboa, sem preocupação pelo futuro do rugby no resto do território nacional.

Texto revisto em 20160704

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