11 de janeiro de 2015

CDUL PASSA COM DISTINÇÃO NAS OLAIAS *

* António Henriques
A primeira jornada da DH de 2015, bem sintética por sinal, pois três dos quatro palcos onde decorreram jogos são relvados artificiais – mas que pelo menos tivessem as linhas de 22 e 10 metros assinaladas, como não aconteceu no Restelo… – foi marcada por quatro triunfos dilatados (a menor diferença registada foi de 21 pontos na partida da Guia), todos com direito a pontos de bónus atacantes (total de 28 ensaios para os vencedores e 8 para os vencidos) e teve duas consequências importantes: a) a distância entre o 3.º classificado Cascais e o 4.º, o Técnico, alargou-se para 10 pontos, não de todo impossível de ultrapassar, mas que já corresponde a duas vitórias bonificadas; e b) ao derrotar em casa o seu principal rival, o CRAV destacou-se do RC Montemor naquilo que poderá ter constituído um enorme passo rumo à permanência.

Quanto a CDUL e Direito, ambos vencedores sem grandes contratempos, lá continuam a sua passeata rumo à final agendada para 25 de abril. Ou alguém ainda duvida?

TÉCNICO 17-39 CDUL (2-6)
Se dúvidas ainda existissem os campeões nacionais provaram nas Olaias – perante um Técnico com mais olhos que barriga, ou seja, que pensava poder dar um passo bem maior do que o tamanho das pernas que presentemente possui (leia-se, qualidade de jogadores) – que se encontram num patamar bem acima da concorrência, salvo Direito (e mesmo assim…), o que vai permitindo a Damien Steele gerir a seu bel-prazer um vasto e bem fornecido plantel. Para uso interno, bem entendido, como se viu recentemente em Valladolid…
E não espanta que numa partida metida entre a Taça Ibérica e os dois jogos de qualificação para a Challenge Cup da época 2015/16 contra os italianos do Mogliano (já no próximo sábado) e os russos do Enisey (dia 24, em Lisboa), os jogadores universitários tenham mostrado ter um andamento bem superior ao habitual do nosso râguebizinho de trazer por casa.
Os engenheiros ainda chegaram a acreditar que poderiam causar a surpresa da jornada pois entrando autoritários e com excelente atitude, encurralaram o adversário no seu meio-campo (de onde não sairia nos primeiros 12 minutos de jogo) e logo aos 2’ fariam o ensaio inaugural num ‘maul’ dinâmico após alinhamento (!), pelo neozelandês Sam Henwood. Algo que não se via num Técnico-CDUL desde o tempo (ai que saudades, ai, ai,…) de Raul Martins, Carlos Duarte Ferreira, José Nicolau, António Dores, Luís Claro e Carlos Rebocho, acho eu…
Os campeões até ficariam a jogar 10’ com menos um (amarelo a Francisco Appleton aos 6’, por pisar um adversário), mas depressa a correlação de forças foi restabelecida e aos 14’, na primeira vez que o CDUL estendeu o seu jogo e foi à área de 22 contrária… marcou. Belo lance de envolvimento entre avançados e linhas atrasadas, com o formação Pinto de Magalhães (enquanto esteve em campo acelerou o jogo da sua equipa de forma notável) a abrir para o ponta Bernardo Canas, que com uma difícil captação de bola fez o toque de meta. E 4’ depois o ritmo imposto pelos campeões originaria nova jogada rápida, agora concluída pelo abertura Nuno Penha e Costa, a receber um passe fabuloso do ponta Tomás Noronha, para 12-7.
O jogo entrou aí numa toada mais lenta, com ligeiro domínio dos visitantes, mas perante a boa organização defensiva do quinze da casa, apenas produziu uma troca de penalidades, indo as equipas para os balneários com 15-10 favorável ao CDUL.
No início do 2.º tempo Steele fez três substituições e o jogo passou a ser até relativamente equilibrado – isto no intervalo dos três ensaios do endiabrado Carl Murray, que jogando como defesa deixou o seu antigo clube de cabeça à roda, mostrando poder, força de braços, velocidade, boa leitura de jogo e classe, tudo o que se exige a um jogador internacional como ele – em especial no primeiro, um ensaio de puro contra-ataque, ’de praça a praça’, iniciado na área de 22 visitante com uma bela arrancada de Francisco Appleton que, placado, transmitiu para Carl galgar e ultrapassar adversários ao longo de 60 metros com uma fantástica linha de corrida.
Uma pergunta que nos surge: esqueceram-se nas Olaias de o convidar para as festas do clube? É que ele pareceu ter contas a ajustar com alguém, tal a forma vigorosa e decidida, em jeito de enxotar moscas, como se ia desembaraçando dos opositores…
O Técnico – onde se estreou o asa neozelandês Jonathan Kawau, que ainda não percebe bem onde está (tal aliás como o reforço tonguiano Irwin Finau do CDUL, apesar de ambos mostrarem obviamente que serão muito úteis para o que aí vem) – ainda marcaria um segundo ensaio (por Tomás Brandão aos 66’, após ‘maldade’ do abertura Hancy), reduzindo para 25-17.
Mas quando os engenheiros pensavam que poderiam ir ainda buscar o ponto de bónus, surgiria o ‘forcing’ final do CDUL – a entrada de Pedro Cabral para defesa levou o ’carrasco ‘ Murray a ir para 1.º centro e as coisas complicaram-se para a defesa da casa – que lhe renderia dois ensaios finais (o segundo de Canas numa fantástica troca de pés e o último de Murray), muito facilitados por uma defesa contrária extenuada e há muito a pedir o apito final, acabariam por cavar a diferença que existiu (e existe!) entre as duas formações.

DIREITO 68-15 BELENENSES* (10-2)
No Restelo um muito frágil Belenenses – que continua cheio de problemas no plantel e perto do que seria impensável no início da época, ou seja, falhar a disputa do play-off – até foi o primeiro a marcar (3-0, logo aos 3’). Mas no minuto seguinte e devido a uma inconcebível desconcentração na receção do pontapé de recomeço, permitiu de imediato que Direito chegasse ao ensaio – o primeiro dos 10 conseguidos! – por intermédio do 2.ª linha Francisco Silva (Palhavã), que bisaria na partida tal como o ponta António Ferrador.
A partir daí passou-se a um jogo em ‘regime de bar aberto’ para os advogados, que construindo sucessivos e eficazes ataques à mão de bom recorte, aos 20’ já tinham alcançado o ponto de bónus pelo 4.º ensaio marcado. Ao intervalo, e perante azuis que só por uma vez pisaram a área de 22 contrária (na 2.ª parte foram duas!), os visitantes já tinham feito meia dúzia de toques de meta e venciam por incríveis 42-3.
No 2.º tempo o jogo continuou de sentido único obrigatório e apesar da ténue e facilitada reação azul (que redundou em ensaios de Manuel Costa e Manuel Bonneville), no fim dos 80’ o marcador assinalava 68-15 – graças também às oito conversões conseguidas por Pedro Leal, que para lá do ensaio alcançado apenas falhou uma tentativa aos postes –, um dos maiores desníveis que há memória nos duelos entre estes dois históricos emblemas do râguebi nacional.
*Jornada invertida

CASCAIS 41-20 CDUP (6-3)
Na Guia o Cascais, com um plantel muito próximo da máxima força, entrou de rompante e aos 3’ (leram bem!), ainda haveria adversários a ajeitar os calções, e já ganhava ao CDUP, por 12-0 graças a um par de ensaios madrugadores do regressado João Bernardo Afonso e de Rafael Simões. Mas a jovem equipa portuense – que se apresentou com apenas 20 nomes no boletim de jogo, pois segundo os seus responsáveis, nos plantéis de seniores e sub-23 regista presentemente 27 ausências, entre jogadores lesionados ou indisponíveis! – reagiu bem, chegando a equilibrar a partida e ao intervalo o quinze da casa continuava na frente mas agora por apenas 15-8.
Contudo, os derradeiros 40’ foram já demasiado penosos para os forasteiros, que apesar de mostrarem, mais uma vez, possuir um belo conjunto com toda a capacidade para estar presente no play-off do título, seriam subjugados pela supremacia física do quinze da Linha (onde também voltou José Abrantes que até marcou um ensaio, mas parece não ser por muito tempo…) que ditou lei, em especial nos ‘mauls’, que renderiam 3 dos seus 4 ensaios na 2.ª parte, para um – se calhar exagerado – triunfo final, por 41-20.

CRAV 40-13 RC MONTEMOR (6-1)
Em Arcos de Valdevez, o duelo entre os dois últimos da tabela, acabou por ter um desfecho bem mais desequilibrado do que se aguardaria e muito por força da entrada demolidora dos minhotos, que impondo um ritmo demasiado elevado para o adversário, atingiram o intervalo a vencer por surpreendentes 28-3 no descanso, fruto de 4 ensaios, que desde logo deixavam poucas hipóteses de recuperação aos alentejanos.
No 2.º tempo o RC Montemor surgiu bem mais acordado e encetou mesmo uma bela reação, chegando inclusivamente a dominar as operações e com um ensaio de Joshua Park e pontapés de João Santos, aproximou-se no marcador. Mas, sentindo o perigo, a equipa da casa voltou a tomar conta do jogo e com dois ensaios finais do ponta João Lemos, selou um triunfo robusto e que pode valer a permanência do CRAV no principal escalão do râguebi nacional.


3 comentários:

Anónimo disse...

Pelo que tenho visto nao ha duvida que o CDUL sera um dos finalistas e sera o vencedor ja nao temho tanta certeza quanto ao Direito numa meia final contra tecnico ou cascais vai ser 50-50 , vi o jogo do restelo, mt fraquinho dos 2 lados o belem esta de rastos as politicas dos ultimos 7 anos foram um desastre junte se as lesoes e o desfalque q levaram de jogadores para o cascais e esta explicado , so uma chamada de atemcao para os srs seleccionadores eu gracas a revwiew sport tenho visto praticamente todos os jogos e nos de direito ha um jogador q e invariavelmente dos melhores em campo bruno raposo , eu sei que nao tem as medidas q a malta gosta mas e um jogador de gd qualidade nao pode jogar a pilar a nivel internacional mas pode jogar a 2 , e um jogador de gd nivel merece pelo menos uma chamada aos treinos

Anónimo disse...

Belenenses começa 2015 pior do que terminou 2014.

"Juventude tem as costas largas2
Quem assistiu ao Belenenses Direito fica abismado com a falta de qualidade do jogo Do Belenenses, não se trata de ser uma equipa muito jovem ou desfalcada trata-se sim de uma equipa sem quaiquer principios de jogo, completamente desorganizada, não defende no 1x1 não se sabe organizar defensivamente a partir de uma simples 2 fase, joga á mão quando deve jogar ao pé e vice versa, mal fisicamente jovens de 20 anos arrastam-se pelo campo, enfim uma tristeza até porque existe qualidade na maioria daqueles jovens não existe é qualquer modelo de jogo nem estratégia é apenas alguns rasgos individuais e pouco mais.

Anónimo disse...

Todos os clubes têm os seus momentos de crise, sobretudo quando o dinheiro ou é pouco ou não estica!

Sim, que isso do amor à camisola é como a tradição: já não é o que era!

O CDUL, com a sua legião de estrangeiros e aportuguesados, a que se juntam muitos e bons valores portugueses dificilmente deixará escapar mais um título.

Mas, este é o nível do rugby nacional, como se viu no jogo do CDUL para a Taça Ibérica, uma equipa que basta para consumo interno, mas fraca, muita fraca no cenário internacional.

Vamos ver o que se passará ao nível da selecção de XV.