25 de novembro de 2014

WORLD RUGBY: O REBRANDING E A NECESSIDADE DE NOVOS PAÍSES SEDE DO MUNDIAL *

* Paul Tait
A renomeação da IRB para criar a World Rugby é uma parte importante da sua intenção de levar o rugby a mudar sua imagem de ser um desporto jogado apenas em alguns países, para ser um desporto de importância global.

O Internacional precisava ser modificado e substituído por uma palavra mais forte, e World (mundo) foi utilizado por causa disso.


A mudança traz com ela a tarefa obrigatória de garantir que o Rugby World Cup 2023 seja realizado num país que nunca recebeu um mundial de rugby.

Inglaterra e País de Gales sediarão o Campeonato do Mundo de 2015 e o Japão em 2019.

A Argentina é o país com o melhor ranking que não recebeu ainda um Campeonato, e também é o
país com os melhores resultados em mundiais que não sediou um torneio.
O rebranding deverá dar mais força aos argumentos da Argentina para organizar o evento e o livro que trata do assunto merece ser lido por quem se interessa pela expansão do jogo.

Fundado em 1886 a International Rugby Football Board (IRFB) era o corpo criado para ser responsável pelos interesses do rugby num contexto internacional.
A organização evoluiu e estabeleceu o Campeonato do Mundo que foi organizado pela primeira vez em 1987 e no ano que vem terá o seu oitavo torneio.

O Campeonato do Mundo evoluiu de um formato com 16 equipas no seu início, para outro com 20 equipas, e o desporto tornou-se profissional.

Outra mudanças também resultaram na diminuição do nome para International Rugby Board (IRB) em 1998, e agora na troca para World Rugby.

Controlando a roda do leme esteve o CEO Brett Gosper que insistiu que a mudança de nome é muito mais do que simplesmente servir os mercados existentes.
Gosper insistiu que nós também queremos reunir novos públicos fora da, vamos dizer, igreja do rugby. World Rugby ajuda-nos a fazer isto.

A peça central do Mundial de 2015 será Twickenham, um estádio conhecido em todo o mundo como a catedral.
Como sede da RFU, e o único estádio em que Inglaterra onde se jogam test matches de rugby, é considerado como de fosse terra sagrado em termas de rugby.
O ex-capitão dos Pumas e membro do Salão da Fama do IRB, Agustín Pichot utilizou essas palavras depois de vencer no estádio contra a equipa da casa em 2006.

Twickenham receberá dez, ou 20,83%, dos 48 jogos do torneio e será apoiado por mais dois estádios de London.
O Wembley Stadium terá dois jogos e o Estádio Olímpico receberá cinco.
A capital inglesa terá, assim, um total de 17 jogos, o que significa que 35,41% dos jogos serão realizados na cidade.

No total o Mundial terá treze estádios, com os três de Londres sendo acompanhados por mais nove cidades inglesas, além do Millennium Stadium no País de Gales.
A casa do rugby de Gales terá oito encontros, o dobro dos jogos de qualquer estádio inglês fora da capital. Hospedará jogos do fase grupal envolvendo nove das 20 nações e já recebeu jogos nos Campeonatos de 1991, 1999 e 2007.

O Campeonato do Mundo de 2015 será a quarta participação como país sede para o País de Gales e a terceira para a Inglaterra.
A cada oito anos o Mundial tem tido partidas no País de Gales e, de fato, no Reino Unido.
De acordo com as palavras do Gosper um regresso ao País de Gales está absolutamente fora de questão como também deveria estar um Mundial na Europa em 2023.

Novos públicos de fora da igreja de rugby precisarão ser encontrados para cumprir a missão da World Rugby como foi explicado por Gosper.
Isto significa que o País de Gales não deverá ser apontado para receber jogos durante o Mundial de 2023 mas outras nações anfitriãs como África do Sul, Austrália, Escócia, França, Inglaterra, Irlanda e Nova Zelândia também não deveriam sediar o evento naquele ano.

Inglaterra e País de Gales recebendo o Mundial em 2015 foram votado em desfavor de um país que nunca teve a oportunidade de sediar uma partida do Campeonato do Mundo, a Itália.
Da mesma maneira que a Nova Zelândia ganhou o direito de receber o evento em 2011, chegou a vez do Japão, um país sem experiência, ao contrário da Nova Zelândia, receber o Campeonato do Mundo em 2019. A África do Sul não foi capaz de ganhar apoios para sediar qualquer destes três torneios.

Alguns especulam que com o Japão recebendo o Mundial em 2019, o anfitrião em 2013 será alguém que já recebeu um mundial e pertence a um mercado estabelecido.
Será, noutras palavras, o contrário de que a organização de Gosper está propondo.
2023, simplesmente, não poderá ser num país que já recebeu o evento a não ser que não exista interesse de novos países.

A Argentina tem demonstrado a intenção de ser a sede do evento e é o único semi finalista na história do Mundial de rugby que não recebeu o evento.
O país entrou no Três Nações para formar o Rugby Championship que é um sucesso comercial com os patrocínios através da UAR tendo aumentado consideravelmente deste 2012.
Retornos financeiros sem precedentes foram utilizados como investimentos, e levaram a Argentina a jogar profissionalmente no Super Rugby a partir de 2016.

A continuação da exposição regular só poderá aumentar a justificação da escolha das Américas para
sediarem um Mundial de rugby pela primeira vez.

Como a última região a receber um Campeonato do Mundo de Rugby, a missão do World Rugby está em sintonia com a campanha para ter a Argentina a sediar o evento em 2023.

Será agora o momento para os olhos da igreja se focarem em Buenos Aires como um país que já sediou um Campeonato do Mundo da FIFA, tendo a oportunidade de observarem a importância do rugby no país e de como o desporto cresceu e continuará a crescer na Argentina?

3 comentários:

Anónimo disse...

Existe apenas um pequeno problema, uma coisa é arranjar dinheiro para financiar a existência de uma equipa num qualquer campeonato, outra coisa completamente diferente é organizar um campeonato do mundo.
Uma coisa é um projecto desportivo, a equipa no Super-Rugby, outra, completamente diferente é um projecto financeiro de organizar um campeonato do Mundo.

Para organizar o campeonato do Mundo a Argentina nem tem estádios como deve ser, nem tem credibilidade externa, recorde-se que a Argentina é dos poucos países do mundo que está em Default Financeiro, o que complica muito a tarefa de arranjar financiamentos e mais grave coloca a hipótese dos seus bens no exterior serem penhorados. Quem arrisca a colocar dinheiro ou a dar a organização a um país que pediu emprestado e agora simplesmente diz "não pagamos"? qual o sindicato bancário que empresta dinheiro? qual a Instituição que arrisca organizar o que quer que seja num país assim?
Pessoalmente estou-me nas tintas qual a sede do Mundial em 2023 mas se tem que ser nas Américas então os candidatos naturais são o Canadá e Estados Unidos, países ricos e organizados e que não têm o enorme risco que existe na Argentina que tem um risco financeiro máximo.

Para além da paixão nada mais me leva a concluir que seria uma boa ideia a Argentina organizar o mundial, quem não tem dinheiro não tem vícios e a paixão, como todos nós sabemos, não chega para nos alimentarmos e termos dinheiro.

Great_duke disse...

Não posso deixar de concordar com a análise do comentário das 08:05.

Adoro a Argentina, enquanto país, nação e a sua combatividade e qualidade rugbística, mas não me parece que estejam reunidas as condições para organisar um CM.

Sem falar que vamos na terceira época (salvo erro) em que nem o torneio de Sevens do Circuito Mundial conseguiram levar avante, deixando o Circuito manco de um compromisso.

Ignatius disse...

A grande questão é que fora da Europa e fora dos recentes organizadores de mundiais, não há muitos países com capacidade organizativa e com paixão suficiente para levar a cabo um mundial de râguebi.......De facto só vejo como foi dito acima os EUA e o Canadá como potenciais organizadores.......Mas têm que ter vontade....!!!!! Abraços