9 de novembro de 2014

CRAV ESPANTA AGRONOMIA E GANHA… COM RESULTADO DE VOLEIBOL *

* António Henriques
Andávamos nós a queixar-nos da falta de surpresas na edição 2014/15 da DH e eis que, no mais improvável dos cenários, a 6.ª jornada foi palco de um resultado fora das cogitações gerais, com o CRAV a surpreender tudo e todos (em especial uma equipa de verde-e-branco vinda da Tapada da Ajuda…) ao conquistar o seu primeiro triunfo numa prova em que esteve quase quase a não participar por manifestas dificuldades de plantel. 
Quanto ao resultado final (apertados 3-0), o que dizer? Bem, seria digno de um jogo do Nacional de voleibol estilo Sp. Espinho-Fonte do Bastardo. Está tudo abastardado é o que é…

Com o conjunto de resultados deste sábado –onde não houve outras razões para abrir a boca de espanto –, a tabela está agora dividida em três escalões sociais bem distintos: trio da frente de nobres (CDUL, Direito e o intruso novo-rico Cascais), invictos e separados por um só ponto; duo de burgueses (Agronomia e Técnico) bem na vida, já bem longe do topo mas a milhas de um quinteto de pobretanas – metade dos concorrentes! –, todos com um triunfo cada e separados também por um ponto de diferença entre si.

Eis o tal equilíbrio e nivelamento que muitos procuravam. Por baixo, bem entendido…

CRAV 3-0* AGRONOMIA (0-0)
A Coutada assistiu ao primeiro jogo do campeonato sem qualquer ensaio e resolvido através de um único pontapé de penalidade, ao bom estilo de um daqueles discutidos mas aborrecidos jogos dos anos sessenta, em que botas, camisolas, bolas e terrenos pesavam todos toneladas.

Perante um CRAV que até se apresentava com algumas baixas (nomeadamente Luís Salvado, o seu chutador preferencial e melhor marcador), os agrónomos pagaram um elevado preço nesta viagem ao Minho por alguma soberba e arrogância que os levou – sempre com mais posse de bola – a sistematicamente optarem por chutar para a touche as inúmeras penalidades que dispuseram (só na 1.ª parte foram cinco!), pensando que, mais tarde ou mais cedo, algum maul dinâmico caído do céu resolveria as coisas.
Realmente o abertura sul-africano Neil Manley não será propriamente um 'Jonny Wilkinson' a chutar aos postes, mas há limites…
Depois de um inconcebível 0-0 ao intervalo, o 2.º tempo já foi passado maioritariamente no meio-campo visitante e os minhotos seriam bafejados, a 10 minutos do fim, por uma penalidade convertida por Renato Rodrigues, que faria toda a diferença do mundo e selaria o resultado final.
Aí foi a vez dos lisboetas reagirem, mas agora com pernas pesadas e pulmões fatigados impedindo a cabeça de funcionar corretamente.
E assim, depois de RC Montemor e Cascais na época passada, foi a vez de um grande cair com estrondo em Arcos de Valdevez.
No final do encontro, o desolado mas sempre lúcido Nuno Salvador, diretor dos agrónomos, punha água na fervura… e o dedo na ferida: “Há-que saber perder, pois quem não sabe perder nunca saberá ganhar. A equipa técnica está a trabalhar bem, a fazer as coisas certas, mas as circunstâncias não são fáceis, pois não soubemos acautelar devidamente o abandono do Duarte Cardoso Pinto, como há uns anos o do Luís Pissarra e dispusemos muito tempo de 5/6 jogadores sul-africanos de grande nível, o que agora não acontece…”  

DIRETO *55-17 ACADÉMICA (9-3)
O encontro de Monsanto não teve grande estória. Curiosamente, na primeira parte e jogando contra o
Foto: João Peleteiro
vento, os advogados estiveram bem melhor ao utilizarem preferencialmente o bom jogo tático ao pé, o que lhes permitiu empurrar os pretos para o seu meio-campo, atingindo o intervalo com seis ensaios obtidos numa vitória parcial de 38-12.
Na segunda parte e com o vento pelas costas, Direito decidiu abrir jogo à mão e as coisas aí já não correram tão bem.
Mas com mais três ensaios a equipa de Martim Aguiar fechou a função na jornada que antecede a árdua deslocação a casa do rival CDUL, com o qual passou a partilhar a liderança da DH.
Uma menção final para Vasco Fragoso Mendes, autor de um hat-trick de ensaios e que já leva 5 na prova, sendo um dos segundos melhores marcadores atrás de Gonçalo Foro.

TÉCNICO 34-31* BELENENSES (5-3)
Na Olaias assistiu-se a um começo autoritário e dominador do quinze da casa – onde a chegada do treinador e médio de abertura neozelandês Kane Hancy atirou com Joe Gardener, que fez uma das mais desastradas exibições ao pé de que há memória, para defesa e o líder de marcadores da DH, Duarte Marques (desperdiçaria três penalidades e duas conversões), para uma ponta – materializado nos 10 minutos iniciais por dois ensaios (Bruno Rocha e Bernardo Baptista).
Foto: Luis Seara Cardoso
Perante tamanhas facilidades, os engenheiros acreditaram que, apesar de faltarem ainda 70 minutos para o final, o triunfo estava no papo e podiam saborear a tarde.
Lá estar estava, mas nem sequer sonhavam como iriam ainda ter que penar e lutar por ele…
Mais humildes e conscientes do que podem de momento fazer, os azuis foram subindo no terreno e ganhando confiança.
Até ao intervalo, houve tempo para mais um ensaio caseiro (Francisco Dias) mas um toque de meta de Diogo Miranda e pontapés de Manuel Costa levavam as equipas para os balneários com 20-13 favoráveis ao Técnico.
A segunda parte foi toda dos homens do Restelo, que apesar de alinhamentos pouco menos que miseráveis, foram ganhando ascendente e com novo ensaio de Miranda, outro de Pedro Rocha e Melo e os pés de Manuel Costa, conseguiram 18 pontos sem resposta, virando para inimagináveis 31-20!
E quando já se comemorava o segundo triunfo azul na prova, nos 6 minutos de compensação concedidos pelo árbitro Afonso Nogueira a equipa da casa reagiu por fim, foi com tudo para cima do adversário, manobrou a bola com intenção e categoria, e seria premiada com dois ensaios (convertidos) a meio dos postes de Luís Castro e, na denominada ‘bola de jogo’,  do jovem n.º 8 Manuel Ferreira (17 anos), herói de uma partida mal jogadinha mas que teve domínio repartido, reviravoltas no marcador e emoção até ao fim.
Tivéssemos disto todos os fins-de-semana e o nossos rugby estaria melhorzinho, o público contente e o cronista seria um homem mais feliz.
Importam-se de repetir?         

CDUP *30-0 RC MONTEMOR (4-0)
Num campo complicado pelas difíceis condições climatéricas (muita chuva e forte ventania), o CDUP somou o seu primeiro êxito da temporada frente a uma equipa que, pelo segundo fim-de-semana consecutivo não conseguiu marcar um ponto que fosse – e devido à ausência de bónus, desceu mesmo ao último lugar da classificação.
Foi uma partida de sentido único com os portuenses, que ao intervalo já tinham alcançado três ensaios e ganhavam por 20-0, a conseguirem produzir um jogo agradável e com interessantes encadeamentos.
E os dois ensaios para cada qual apontados por Afonso Rodrigues e Manuel Brandão valeram ainda o precioso bónus que pode ser o incentivo que a jovem equipa de Miguel Moreira procurava e precisava como pão para boca. Está feito… e para a semana vem aí o CRAV.   


Foto de capa: João Peleteiro

17 comentários:

Anónimo disse...

O Nuno Salvador não é o director desportivo da agronomia nos ultimos 10anos? não lhe caberia esse papel que ele agora critica?

Anónimo disse...

Uma vez nais que pobreza franciscana, o resultado do Crav /Agronomia nem merece comentários faço ideia do nivel do jogo.

Tecnico/belenenses outro jogo muito mal jogado valendo apenas pela incerteza do resultado ambas as equipas sem qualquer ideia de jogo apenas com rasgos individuais, Tecnico garaças ao seu treinador/jogador e Belenenses graças a Miranda que está uns furos fisicamente acima da equipa, tirando isto muito mal a defender tanto individualmente como na sua organização dfensiva, o Belenenses péssimo nos alinhamentos está realmente completamente fora dos lugares cimeiros e o Técnico por este caminho irá bater-se pela ultima vaga do play off.

Anónimo disse...

Finalmente na próxima jornada vamos ter animação, com uma primeira edição da anunciada final do campeonato nacional Divisão de Honra.

Pelo que se viu e se vê, CDUL e Direito são os anunciados finalistas, não há como negá-lo face ao que se vê jornada a jornada em relação aos demais.

Uma palavrinha ao comentário das 09:30 de 10/Nov: Afirma-se que, por este caminho o Técnico irá bater-se pela última vaga do play-off.

Ora bem! Vejamos...

No pressuposto de que os dois primeiros lugares estão reservados para Direito e CDUL, sobre 4 lugares para o play-off.

Digamos que Cascais e Agronomia seguram dois desses lugares, sobrando mais duas vagas.

Considerando que o Técnico leva 5 pontos de avanço (sim, é cedo e a vantagem é curta)dos demais, pelo que se tem visto, o comentarista anterior acha mesmo que esta equipa se vai bater pelo 6º lugar?

Não sei qual a cor clubística de quem escreveu, mas parece-me que Belenenses e Académica têm de se pôr a pau, pois se calhar são estas equipas que com o CDUP e CRAV ter vão lutar por essa tal vaga.

Consultem o polvo e talvez obtenham a resposta :)


Anónimo disse...

Anónimo 09:40...é difícil uma equipa do grupo A fazer 400km's e perder um jogo com uma equipa que toda gente dava como desaparecida da Divisão de Honra. Contudo, é ainda mais difícil fazer os mesmos 400km's de regresso a casa com esse facto consumado.

não acredito que o CRAV tenha posto o autocarro a linha de ensaio.

Anónimo disse...

e as lesões que o técnico tem neste momento? acho que merecem ser referidas. claramente tem muito a melhorar mas para uma equipa com tão poucos jogadores quando comparada com um direito ou cdul faz um grande trabalho.

Anónimo disse...

Uma vitória merecida pelo trabalho que temos desenvolvido em Arcos , depois de termos tido o apoio e colaboração do professor Frederico Sousa durante esta última semana que nos ajudou a melhorar muitos nos diferentes campos do jogo retirar mérito e valor à vitória não compreendemos , ainda por mais de uma equipa que supostamente deveria ganhar por muitos não é razoável .
Saber ganhar como saber perder deve estar no espírito do jogo .
Abraço

Anónimo disse...

No jogo dos Arcos foi uma enorme lição para os agrónomos. A displiscência com que ignoraram as penalidades, evitando tentar aos postes, numa de "estamos aqui para marcar ensaios e somos uns bonzinhos colaboradores com um clube que estava em vias de não participar" valeu-lhes a derrota. Enorme lição. Deu gosto ver estes copinhos de leite regressar a Lisboa com um pontinho de bônus defensivo. Muito gostaria eu de ter viajado com eles de regresso.

Anónimo disse...

Ainda é muito cedo para se tirarem quaisquer conclusões. Só agora vão começar os confrontos entre grupo de cima e de baixo, o que quer dizer, por exemplo, que Técnico e Belenenses têm tudo para engordar nos pontos e Cascais tem tudo para levar quatro jogos sem ganhar e assim ser reposto um pouco da verdade.

O Cascais estar lá por cima é uma espécie de "mentira" desportiva (ninguém lhes retira o mérito)que será desfeita nos próximos jogos e que o irá colocar a lutar com o Belem pelo quinto lugar.

O Belem cresce de jogo para jogo e o Técnico não tem fio de jogo, nem liderança dentro de campo. Existe estranhamente (a equipa não variou assim tanto) uma grande diferença para o ano passado.

Em minha opinião só daqui a duas jornadas irá dar para ver alguma coisa.

Anónimo disse...

"Deu gosto ver estes copinhos de leite regressar a Lisboa com um pontinho de bônus defensivo. Muito gostaria eu de ter viajado com eles de regresso."

Aqui está o espirito do Rugby que reina em Portugal em toda a sua essência.
Pessoas que lhes dá gozo não a vitória da sua equipa mas o sofrimento da equipe adversária, com esta mentalidade como pode existir a terceira parte?

Fui assistir ao Técnico vs Belenenses e aquilo que ouvi dos adeptos do Técnico a chamarem á arbitro assistente envergonhou-me, como é possível que um conjunto de jovens cheios de borbulhas e que ainda por cima são jogadores de rugby, serem tão ordinários, demonstrarem tamanha falta de respeito e ainda por cima se rirem? a única forma que eu tenho de explicar isto é que muito provavelmente a maioria daqueles rapazes tem problemas de relacionamento com o sexo oposto.

como é possível que no rugby que se diz um desporto diferente se insulte o árbitro de uma forma tão ordinária e ninguém critique? dizem que o rugby é diferente do futebol, eu digo que para os lados do Técnico o rugby é diferente do futebol mas para pior.

Para que não insultem os adeptos do Belenenses informo desde já que sou adepto do Técnico, pago quota e para alem disso ainda ajudo sempre que me pedem.

Critica-se muito a Federação e a estrutura técnica da FPR mas o pior que o rugby em Portugal tem é a educação e a cultura de rugby dos seus adeptos.

Anónimo disse...

Boa noite, Sr mão de Mestre,

Tive no Cdup-Montemor, por amor de deus, é mau de mais.
Caímos no fundo, isto vai demorar mt para mudar.

Cumprimentos

Filipe Sá

Anónimo disse...

O alargamento, querido pelos clubes e fornecido por uma FPR que quer os votos dos clubes, só podia dar nisto.

Seria interessante ver em quantos jogos da DH e da I divisão uma (ou duas?) das equipas se apresenta sem banco completo.

A responsabilidade não é só da FPR. Dava jeito que fosse, mas não é totalmente da FPR.

Há muitos anos que não havia uma divisão principal com tão baixo nível. Talvez um novo alargamento para resolver o problema, não?

Anónimo disse...

Novo alargamento?? Para que? Para haver mais jogos a bater em ceguinhos?
Reduzir para 6 equipas e fazer se 3 ou 4 voltas de jogos com as equipas mais compettitivas.
Fazer se uma/duas selecções com jogadores das equipas mais fracas para poderem jogar com as equipas mais forte?
Porque não?

Joaquim Carvalho disse...

Muitos parabéns ao CRAV.
Uma vitória muito importante na manutenção na divisão máxima do nosso Rugby.

Anónimo disse...

Anônimo 11:27
Bater nos ceguinhos???
Se calhar só devia haver uma divisão com o Cdul o Direito e agora com o Cascais (cheio de dinheiro )... Tudo o resto são ceguinhos ????
Se calhar foi com espírito do tudo o resto são ceguinhos q agronomia perdeu....
afinal qd se sai da zona de conforto de Lisboa e se tem de fazer km custa n é.... ....?.
Mas o pais é pequeno mas maior q lisboa
Viva o Rugby!!!

Anónimo disse...

Como se vinha percebendo só havia Agronomia com o Cabé. Ele era a alma e o corpo daquele clube, por muito que nos custe reconhecer. Diz o Salvador que tinham estrangeiros e que isso fazia a diferença. Pois fazia mas eram excelentes jogadores, essa è a verdade. Alem disso Agrnomia tem excelentes condições de treino para preparar boas equipas. Onde está a formação de Agronomia? Qual é o papel do Lois?Há uma evidente falta de liderança na Tapada. É preciso reunir forças para o resto do campeonato. Nada está perdido. Mas perder em Arcos é impossivel.

Great_duke disse...

Impossible is nothing!!!

Anónimo disse...

O resultado da Agronomia em Arcos só vem provar que no rugby - como no desporto em geral - não há vencedores antecipados.

E ainda bem que assim é! Os jogos ganham-se com atitude, sacrifício e determinação.

Não vi o jogo mas se Agronomia não marcou pontos é porque do outro lado - melhor ou pior - esteve uma equipa que soube defender as jogadas de ataque do adversário.

É bom que tenha acontecido, sobretudo para aquelas equipas que são tidas como mais fracas, verem que não há impossíveis ou como diz um comentário, impossible in nothing!

Parabéns ao CRAV