O Rugby português atingiu esta época o seu
ponto mais critico dos últimos 25 anos.
A derrota com a Bélgica deixou-nos no mesmo
escalão competitivo, não nos possibilitando voltar ao segundo escalão europeu,
onde estivemos nos últimos 25 anos.
E desde 2000, ano em que os torneios
europeus foram reformulados para o modelo atual, até 2016, nos mantivemos no European Championship, que aliás vencemos em 2004.
No recente encontro com o
Brasil voltamos a demonstrar as nossas atuais fragilidades competitivas.
As vitórias que tivemos esta época no European Trophy só podem ser valorizadas por aqueles que desconhecem o
rugby internacional e apenas servem para apregoar, a nível interno, para uma
população que, em elevada percentagem, é totalmente desconhecedora do fenómeno
desportivo nacional e internacional, intoxicada que está pela mono cultura
futebolística.
Por outro lado, os conhecedores do rugby a nível mundial, sabem
bem como valorizar esses resultados.
Nos Sevens, onde chegamos a ter alguma posição
de destaque na esfera internacional, com a participação em 5 campeonatos do
mundo consecutivos (1997, 2001, 2005, 2009, 2013) estamos muito perto de não
atingir a qualificação para o próximo a realizar em 2018 em São Francisco.
Após
as duas recentes etapas europeias realizadas em Moscovo e Lodz a posição
alcançada não é de molde a alimentar grandes esperanças, e uma inversão da
situação, nas duas etapas que se seguem em Clermont Ferrand e Exeter é
altamente improvável.
Ainda nos Sevens, atingimos posição de
destaque nas World Series, sendo país residente em quatro
épocas consecutivas tendo-se perdido esse
estatuto na época 2016/2017. Foi através da presença nas Series que se obteve a maior exposição mundial do rugby português
para além da presença no mundial de XV em 2007, em França.
Foram estas
presenças que catapultaram o conhecimento internacional sobre o nosso rugby e
que possibilitaram apoios financeiros, nacionais e internacionais, de valores
significativos.
Não se vislumbra tão pouco a qualificação para o torneio de
Hong Kong onde se disputa uma vaga para as World Series da época seguinte e portanto ficaremos daí afastados até, pelo
menos, à época 2019/2020.
Se continuarmos neste ritmo iremos estar
arredados dos palcos internacionais mais importantes, onde nos alcandoramos
graças aos esforços de muitos jogadores de gerações anteriores e ainda atuais e
treinadores e dirigentes que souberam e conseguiram que o rugby português fosse
reconhecido internacionalmente.
A mim, envolvido que estou há mais de 50
anos na sua promoção e desenvolvimento e que, juntamente com outros
companheiros, continuamente pugnei nas esferas internacionais para o seu
reconhecimento, muito me penaliza esta situação.
Urge pois inverter esta situação.
E isso será
possível se as gentes do rugby se unirem de novo na promoção do nosso jogo.
E
voltarem a olhar para o jogo, não como uma fonte inesgotável de rendimentos mas
sim fazendo parte de um grupo que tem como missão recolocar o rugby português
nos patamares que já alcançou.
O crescimento do rugby em Portugal foi
conseguido por quem muito deu e pouco pediu.
Há jogadores em Portugal, que se
bem enquadrados e dirigidos, podem atingir patamares mais elevados do que
aqueles em que atualmente se encontram.
As prestações das equipas nacionais de Sub-18
e Sub-20 nas competições europeias nas ultimas épocas, são o garante que os
nossos jovens têm qualidade competitiva.
Teremos que afastar lutas intestinas
inter-clubistas e considerar que só a prestação internacional das nossa equipas
nacionais são valorizadas quer interna quer externamente.
Uma fugaz vitória num
campeonato nacional nada representa se a nossa prestação internacional não
tiver impacto significativo.
Urge pois valorizar aquilo que nos une e
secundarizar aquilo que nos divide.
Não tenhamos duvidas, os patrocínios internos
e os apoios da World Rugby só aparecerão se tivermos resultados internacionais
convincentes.
E mesmo os apoios estatais estão, em parte, dependentes desses
resultados.
Não tenham ilusões, que pensar de outro modo, apenas agravará a
situação atual.
Não é a panaceia de discutir alterações
competitivas nacionais que vai alterar esta situação.
Os modelos têm alguma
influência mas não são, na minha opinião, determinantes nas nossas prestações
internacionais. Num outro artigo poderei opinar sobre esses modelos.
O rugby português tem poucos meios financeiros
â sua disposição, os clubes lutam com grandes dificuldades, certo, uns mais do
que outros, e a Federação, nas palavras do seu Presidente está em situação de
falência técnica.
A FPR, nomeadamente o seu Presidente e a
Direção, terão que traçar medidas estratégicas para resolver o estrangulamento
financeiro e tomar medidas, que poderão ser drásticas, de modo a ajustar as despesas
às receitas atuais.
Foram criadas estruturas demasiado dispendiosas que não se
podem justificar neste período difícil.
A estrutura orgânica da FPR e a sua
governança necessitam de uma profunda reorganização colocando-a em linha com os
sistemas vigentes na generalidade das federações de rugby de outros países.
Apesar do estrangulamento imposto pelo regime jurídico das Federações
Desportivas impor um modelo organizativo haverá certamente possibilidades de o
ultrapassar.
Mas estará a Direção da FPR com a disposição e a determinação para
o fazer?
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