27 de maio de 2017

UNS POUCOS GASTARAM MUITO, AGORA, TODOS VÃO PAGAR!

A Federação Portuguesa de Rugby leva na segunda feira à aprovação da Assembleia Geral um conjunto de medidas que têm como intenção promover o equilíbrio orçamental da entidade, duma forma faseada, procurando o apoio de mais de 70% dos delegados para a implementação de medidas forçosamente impopulares.

Especialmente porque embora esta proposta da FPR inclua a redução futura das despesas, é claro que a dominante da mesma se concentra no aumento das receitas, até porque para cortar nas despesas a direção federativa não sentiria necessidade de ter o apoio dos clubes.

Por outro lado este teria sido o momento ideal para que os clubes fossem elucidados sobre onde se gastou o dinheiro que se gastou, e quem beneficiou dele, pois é claro que todo esse gasto que parece descontrolado, não foi aplicado no desenvolvimento nem no apoio aos novos clubes e núcleos.

Mas - do mal o menos – ficamos a saber que os custos com pessoal representam mais de 50% dos custos federativos, sendo esses custos repartidos por 37 colaboradores, e que desses, 17 estão dedicados às seleções nacionais:
• Administrativo e Financeiro 130.000,00€ / 5 colaboradores
• Comunicação e Marketing 20.000,00€ / 2 colaboradores
• Competições 55.000,00€ / 2 colaboradores
• Desenvolvimento 135.000,00€ / 11 colaboradores
• Seleções Nacionais 375.000,00€ / 17 colaboradores

Os números acabam por mostrar as prioridades da gestão federativa, quando aos 5 colaboradores administrativos corresponde um encargo unitário anual médio de 26 mil euros, para os 2 colaboradores dedicados às competições esse encargo é de 27,5 mil euros/ano, e os 17 colaboradores das seleções custam mais de 22 mil euros cada um, valores que se comparam aos 12,2 mil euros que custa por ano, cada um dos 11 colaboradores dedicados ao desenvolvimento, quase tanto como os 10 mil que custa cada um dos dois colaboradores de Comunicação e Marketing...

Pretende ainda a FPR reduzir parte dos seus custos transferindo para as AR’s a responsabilidade de todas as contratações, bem como do recrutamento e formação inicial de árbitros. Ou seja transferindo a responsabilidade num verdadeiro passe de morte...

E o mais curioso é que ao propor o aumento das taxas a cobrar aos clubes e a introdução de taxas individuais para os jogadores cadastrados na FPR, não se indica qual percentagem dessas receitas irá reverter para as próprias AR’s ou no desenvolvimento regional.
Quer dizer, fica a clara sensação que todos irão pagar os custos de que só alguns beneficiaram, e mais uma vez, aquilo que resulta do pagamento de todos só irá ajudar a vida de alguns.

Claro, a proposta, a propósito das Seleções Nacionais, diz que se vão reduzir os custos com o Alto Rendimento, mas não diz como, ficando então esta parte da proposta na dependência da vontade discricionária da direção federativa que afirma “vemo-nos absolutamente forçados a reduzir os custos com pessoal no Alto Rendimento, sem prejuízo da inevitável perda de qualidade no processo que, apesar de tudo, tem tido resultados assinaláveis desde 2016”.

Achamos particularmente relevante o comentário aos resultados assinaláveis desde 2016!!!
É preciso não ter vergonha nenhuma, quando no período indicado fomos corridos da Europe Championship, e não conseguimos lá voltar, fomos corridos do Circuito Mundial de Sevens, e não fomos ao apuramento para o próximo ano...
O proponente deve-se estar a referir às vitórias obtidas no Europe Trophy, confirmando a sua estratégia de descer de divisão para ganhar jogos...

Bom passado esta aparte vamos regressar ao tema do texto, para dizer que esperamos que os delegados à Assembleia Geral expliquem com o seu voto, que quem mais gozou com o dinheiro esbanjado, deve pagar mais na recuperação da Federação, e por outro lado, aquilo que for pago a mais pelos clubes, deve reverter a seu favor em investimento no desenvolvimento e na formação por esse país fora e não concentrando a ação no Vale do Jamor...

Veja em resumo quais as propostas que a Federação pretende ver aprovadas:

1 - Redução de custos com remunerações e honorários, com especial incidência no Alto Rendimento / Selecções Nacionais (Redução Despesas);
2 - Transferência de competências na área do recrutamento e formação inicial de árbitros para AR's, bem como descentralização de contratos de colaboradores do desenvolvimento (Redução Despesas);
3 - Transferência de Custos Directos com Arbitragem para Clube Utilizador (Redução Despesas);
4 - Criação de Taxa de Inscrição por Praticante, com modalidade facultativa de seguro associado (Aumento Receita); e
5 - Aumento das Taxas de Inscrição por Equipa (Aumento Receita).

Repare que para além da redução de custos com remunerações e honorários, tudo o resto representa aumento de custos para outras entidades - Associações Regionais, Clubes e Jogadores!

A propósito, procurei no site da FPR mas não encontrei, o Relatório e Contas de 2016. Porque não se encontra publicado como todos os outros, de 2002 a 2015?

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