22 de maio de 2017

COM OS LOBOS TUDO COMO PREVISTO POR CASSIANO NEVES

A derrota em Bruxelas frente à Bélgica por 18-29, no play-off de acesso ao Europe Championship, deixou muita gente surpresa, já que depois de cinco vitórias no Europa Trophy se pensava que Portugal seria capaz de ultrapassar o obstáculo e regressar ao convívio dos quase-grandes da Europa.

Mas esse regresso não estava nos planos de Cassiano Neves, que recentemente afirmou em entrevista ao Público (24 de março) que "Tem sido muito interessante ver o grupo estabelecer os seus objectivos. Que ninguém duvide, eles querem regressar já ao Championship e querem vencer os playoffs de acesso ao Mundial. Da nossa parte, é importante reconhecer que qualquer um dos dois objectivos será sempre extraordinário, porque estamos longe destas realidades."


Esta separação entre os objetivos do grupo e os objetivos de Cassiano Neves é muito curiosa e pode, só por si, explicar muito do que se tem passado em termos da preparação e participação da nossa equipa representativa nos seus compromissos internacionais.

E acaba por corroborar aquilo que Lourenço Thomaz afirmava ao Record em março de 2016: "...não quero ficar numa divisão onde não pertenço. A realidade é que o rugby português, neste momento, com os jogadores e a política que tem, identifica-se muito mais com o escalão de baixo."

Duas vozes no mesmo sentido, duas pessoas que com toda a certeza ficarão muito satisfeitas por mais uma temporada no Trophy, com cinco previsíveis vitórias, e mais um play-off de acesso ao Championship, que se for novamente perdido não tem qualquer importância, pois vai ao encontro do que Cassiano Neves queria (Público 26 de fevereiro de 2016) quando afirma que "Temos necessidade de cimentar um leque de 35 a 40 jogadores que daqui a três anos tenham nas pernas actividade e experiência internacional consistentes para serem a base da selecção nos anos vindouros. Estamos a pensar num projecto de três a sete anos, que correspondem a dois ciclos classificativos."

Então não vale a pena lamentações ou manifestações de surpresa quanto ao que se passou em Bruxelas e na preparação do jogo, pois tudo acaba por se encaixar na estratégia federativa, restando agora esperar por novembro e pelo compromisso que Portugal terá, na corrida ao Mundial de 2019 - quem vencerá? Cassiano Neves, ou o grupo?

Já agora fiquem a saber os passos que temos pela frente nessa corrida:
Em novembro Portugal defronta o vencedor de um jogo que vai acontecer no próximo sábado, 27 de maio, entre a República Checa e a Hungria, e o vencedor deste encontro vai defrontar em abril/maio de 2018, o segundo classificado do Europe Championship, no resultado acumulado da época 2017 e a época 2018 - recorde-se que em 2017 o segundo classificado, sem contar com a Geórgia que tem o apuramento garantido, foi a Espanha.

O JOGO DE BRUXELAS
A história do jogo escreve-se em poucas linhas, como poucos foram os minutos que a Bélgica precisou para somar 14 pontos - aos 4' 52'' na sequência de um alinhamento a 15 metros da nossa linha de meta a Bélgica fez funcionar o seu maul e marcou o primeiro ensaio, e aos 6' 20'' na reposição de bola após o ensaio, o ponta belga capta a bola e corre 60 metros saudando o público, e marca de novo, num frango inacreditável da nossa defesa.

Com 14-0 no marcador os portugueses tiveram que dar o litro para conseguirem equilibrar a partida, o que vieram a conseguir com um ensaio de Vasco Fragoso Mendes as 21 minutos e outro de Pedro Bettencourt aos 25, passando mesmo para a frente do marcador com 14-15, com a transformação de uma penalidade por Pedro Bettencourt, resultado que se registava ao intervalo

O segundo tempo deixava tudo em aberto apesar a superioridade belga nos avançados, que funcionou nas poucas formações ordenadas e no primeiro ensaio do encontro, mas a verdade é que foram os portugueses a terminarem por cima o primeiro tempo.

E a segunda parte começou com Portugal a ganhar um alinhamento aos 2 minutos e a desenvolver um ataque à mão, infelizmente terminado em virtude de um erro de ataque, com a Bélgica a recuperar a bola sobre a sua linha de 10 metros, a jogar e a penetrar à mão até meia distância entre os nossos 10 e 22 metros, para a partir daí optar, pela segunda vez na partida, pelo jogo através dos seus avançados, que progrediram 30 metros e marcaram entre os postes aos 4' 20''.

Portugal ainda voltaria a marcar na conversão de nova penalidade (21-18) mas a Bélgica tirou partido do amarelo mostrado a Vasco Fragoso Mendes, e na sequência de uma formação ordenada - em que os Lobos jogaram sem médio de formação e com Gonçalo Foro na terceira linha do lado oposto à introdução - o médio de formação belga saiu pelo lado de Foro, que ficou colado à formação, e atacou a nossa linha de defesa onde deu a bola ao seu número 11 que bisou e deitou por terra qualquer esperança de recuperação que ainda existisse na equipa nacional.

O resultado voltou a funcionar ainda uma vez, aos 32 minutos, com a conversão de uma penalidade pelos belgas, para os 29-18 finais.

Fique com o Boletim do Jogo e veja no nosso PORTUGAL XV a história actualizada da nossa equipa representativa.

1 comentário:

Claudio disse...

Acho que a FPR, tal como já fez no passado, tem obrigação de dizer para cada um dos 3 jogadores Cristian Spachuk, Francisco Fernandes e Antony Alves (já que sabemos que o Mike Tadjer podia dificilmente mostra-se disponível visto o jogo de acessão ao top 14) se foram contactados para o jogo contra a Bélgica, se recusaram a convocatória ou se estão lesionados.

Visto que claramente perdemos o jogo nas mêlées e que provavelmente as coisas teriam sido diferentes com estes três jogadores profissionais em campo, temos que saber o que se passou.

Esperamos explicações.