13 de agosto de 2016

NOTAS SOBRE A ORGANIZAÇÃO DO TORNEIO OLÍMPICO

1º Melrose 7's 1883 - Melrose RFC Vencedores
Ao longo dos últimos 40 anos, que os sevens deixaram de ser um acontecimento de uma tarde de sábado, como era organizado na Escócia-Pátria, e passou por diversos formatos, disputado em dois ou três dias.

O mais importante dos torneios de sevens neste período - o Hong Kong Sevens - foi disputado durante muitos anos por 24 equipas, divididas em oito grupos de três, modelo esse que foi seguido durante muito tempo pelo saudoso Lisboa Sevens.
Note-se que antes de Hong Kong, não existia fase de apuramento, sendo os torneios integralmente disputados em eliminatórias directas.

Quando o Circuito Mundial se começou a organizar, nos fins do século passado, houve uma tendência para a redução do número de equipas, e do respectivo número de grupos, que levou ao actual sistema preferido de 16 equipas em quatro grupos de quatro, na fase inicial.

Nem todas as competições seguiram este modelo, em especial no âmbito da FIRA, onde se experimentou um sistema de 12 equipas com dois grupos de seis, o que obrigava à realização de cinco jogos na fase inicial, passou depois para 10 equipas em dois grupos de cinco equipas, tendo passado recentemente a 12 equipas em três grupos de quatro.

1ª RWC 1993 - Inglaterra Vencedora
O Campeonato do Mundo começou por ser disputado por 24 equipas em quatro grupos de seis, depois passou para oito grupos de três, mantendo as mesmas 24 equipas, depois voltou ao formato inicial, para, em 2009 passar para seis grupos de quatro equipas, que se manteve em 2013, sempre com 24 participantes.

Hoje, a tendência por toda a parte é que os torneios sejam organizados para 16 ou para 12 equipas, em grupos de quatro equipas, quatro grupos no primeiro caso e três apenas no segundo.

Nós somos francamente favoráveis ao sistema com 16 equipas e gostamos pouco do sistema de 12 equipas, principalmente porque leva a que apenas oito das equipas disputem seis jogos, levando as não apuradas para o troféu principal a disputarem um jogo menos que as restantes, dando pouca exposição às equipas mais fracas.

Se antigamente não era fácil encontrar 16 ou mais equipas com nível muito equilibrado, a verdade é que hoje é muito mais difícil reduzir as equipas a apenas 12, com base no equilíbrio da sua qualidade, como o torneio do Rio de Janeiro bem comprova.

Notem que ficaram de fora equipas como Samoa, Rússia, Tonga, Alemanha, Hong Kong, Bélgica, Escócia, País de Gales, Irlanda, Geórgia, Itália e Portugal, para citar apenas as primeiras 12 que me vieram à cabeça, e que poderiam certamente estar ali, nos Jogos Olímpicos.

1º J.O. 2016 - Fiji Vencedora
Quanto ao número de dias dos torneios, e pelo que temos visto, o recurso a três dias não parece que se justifique, até porque pela própria natureza da constituição dos grupos, os dois primeiros jogos de cada grupo são - teoricamente, eu sei! - os mais desnivelados, chamando portanto menos a atenção dos potenciais espectadores, e levando a estádios meio vazios.

No sistema de 16 equipas, em quatro grupos de quatro, com a disputa da fase de apuramento completa no primeiro dia, aumenta o interesse, e chama-se mais gente aos estádios, evitando um certo abandono que se verifica no primeiro dia.
Pode-se argumentar que três jogos por dia, é exagerado, nós acreditamos que não, que é um limite razoável, embora gostasse de conhecer a opinião de jogadores que tenham experiência nesse tipo de eventos.

Por outro lado a organização em três grupos de quatro, apurando oito equipas para o troféu principal conduz a situações menos agradáveis, como assistimos nas finais do torneio olímpico, em que Austrália e África do Sul, ou Estados Unidos e Brasil, se defrontaram no apuramento e logo depois nos quartos de final, numa consequência directa do formato que leva ao apuramento de três equipas em dois grupo e de duas no outro, com a repescagem das duas melhores terceiras classificadas.

O sistema das 16 equipas em quatro grupos evita estas repetições, com o apuramento de duas equipas por grupo, levando a que equipas que se defrontaram na fase de apuramento apenas se possam voltar a encontrar nos últimos jogos de cada troféu.

Finalmente, e mais uma vez tendo por motivação o que temos assistido no Rio de Janeiro, não gostamos de ver o intervalo entre dois jogos alargado para 30 minutos, que nos parecem excessivos.
Também nesta área se fizeram ao longo dos anos diversas experiências, e acredito que os 22 minutos utilizados no Circuito Mundial e no Grand Prix da Europa (e não só) garantem um ritmo bem mais agradável.

Compreendemos que possa haver alguma vontade de não deixar que se  verifiquem atrasos que prejudiquem eventualmente as transmissões televisivas, mas não me recordo que isso tenha acontecido nos últimos anos quer nos jogos do Circuito, quer do GPS.
No entanto admito que possa haver um maior cuidado, mas não seria com certeza necessário chegar aos 30 minutos, e 25 minutos no máximo proporcionaria um ritmo mais adequado ao tipo de evento.

Reparem que entre cada rodada de dois jogos por grupo é possível criar um intervalo adequado a qualquer necessidade de recuperação de horário, embora, repito, esta questão do cumprimento do horário não se tenha revelado um problema nos últimos anos nos grandes eventos da variante.

Não se pretende levantar qualquer polémica em relação a estas matérias, mas sempre vamos dizendo, em jeito de conclusão, que gostaríamos de ver o torneio olímpico alargado a 16 equipas em quatro grupos de quatro, disputado em dois dias apenas e com intervalo entre dois jogos não superior a 22 minutos.

E como alternativa às 16 equipas, consideramos que não deveriam ser consideradas 24 equipas, mas sim 32, em oito grupos de quatro, o que tem o único inconveniente de exigir a utilização de dois estádios.
Tem no entanto a enorme vantagem de reunir num só evento jogadores de países de níveis muito diferentes, mas reparem que no segundo dia as equipas começam a ser agrupadas em função da sua qualidade, o que leva a disputa de quatro grandes troféus, com oito equipas em cada um.

O Campeonato do Mundo e os Jogos Olímpicos bem podiam considerar a possibilidade de juntarem 32 equipas, atendendo ao seu carácter universal, nunca esquecendo que o desporto deve ser encarado sob o ponto de vista competitivo, mas sem abandonar a vertente de convívio e encontro entre diferentes!

Não quero terminar sem repetir o que tenho dito inúmeras vezes: os torneios olímpicos foram grandes eventos desportivos, que deixaram claro o esplendor do rugby, em particular do rugby sevens, e o Comité Olímpico Internacional só pode, em Maio do próximo ano, confirmar a presença da modalidade - no feminino e no masculino - nos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, seja com 12, 16, 24 ou 32 equipas!

2 comentários:

luis disse...

Não se pode encarar a hipótese da presença da Escócia ou País de Gales nos Jogos. Ao contrário das World Series, ou mesmo dos 6 Nações (XV), nos Jogos Olímpicos a Grã-Bretanha participa como única nação.
De resto, de acordo com tudo o que foi exposto.

Manuel Cabral disse...

Luis, claro que a Escócia e o País de Gales se juntam com a Inglaterra formando a Grã Bretanha! Mas o que eu pretendi dizer é que hoje existem mais de 24 equipas que podem tranquilamente estar presentes neste tipo de competições (JO, RWC e SWS) em função da sua qualidade. E que em função dessa qualidade (e não de outro tipo de consideração) poderiam tranquilamente estar ali.