23 de novembro de 2014

EM DIA DE LOBOS, VITÓRIA DO CAMPEÃO VEIO NO BICO… DE UM ’CEGONHA’ *

* António Henriques
Dois cabazes dos antigos (13 ensaios para Direito e 12 conseguidos pelo Técnico), o esperado e confortável triunfo da Académica e a manutenção da invencibilidade de CDUL e Cascais graças a vitórias fora de portas mais ou menos complicadas, marcaram a 8.ª jornada da DH realizada no fim-de-semana em que a seleção nacional, finalmente alegre e desinibida (ai que saudades, ai, ai, …) e tão diferente da equipa triste e bisonha  de tempos recentes, nos deu finalmente motivos de regozijo neste seu início de um novo ciclo.

AGRONOMIA *13-16 CDUL (2-1)
Os campeões nacionais apresentaram-se desfalcados pelos seus seis jogadores presentes no confronto com a Namíbia (e João Lino nos sevens), mas mesmo jogando 50’ com um homem a menos por expulsão do 1.ª linha Mike Dias (inexplicável soco), passaram na Tapada através de uma atuação eficaz, cheia de alma e garra de campeão.
Obviamente também ajudou possuir um plantel de inegável quantidade na qualidade e, num sábado zoológico em que os nossos Lobos estiveram em grande, muito por força de um elegante… cegonha.
Ou seja, o ponta Tomás Noronha, dispensado dos trabalhos da seleção nacional esta semana, mostrou-se à sociedade civil apontando todos os 16 pontos da sua equipa, incluindo um ensaio em que concluiu sequência de bola corrida até à ponta.
Os agrónomos estiveram melhor nos 40‘ iniciais graças ao labor da sua avançada e fizeram o primeiro ensaio da tarde num brinde do abertura Nathan Munro bem aproveitado por Francisco Mira (8-3).
Mas quando se esperaria que, a jogar 15 contra 14, os homens da casa iriam alargar a vantagem, aconteceu precisamente o contrário, pois Noronha – melhor marcador de ensaios da última DH, a par do talonador agrónomo Marthinus Hoffman (16) –  com um ensaio, uma transformação e um drop, virou para 13-8.
Um bom movimento do pack da casa excelentemente concluído por Bernardo Campelo ainda igualaria a 13 pontos. Mas Neil Manley, confirmando a sua pouca apetência para a função, desperdiçaria a conversão e depois ainda outra penalidade, a 5’ do final.
No que não seria imitado, quase em cima da hora,  por Tomás Noronha, a concluir com os pés aquilo que iniciara com as mãos. Penalidade, bola a passar entre os postes… e o CDUL saía da Tapada com a 7.ª vitória trazida no bico… de um cegonha.            

DIREITO *81-00 CRAV (13-0)
Mesmo alinhando com um quinze que, em relação à habitual equipa advogada, somente envergava camisolas da mesma cor, já que se apresentou em campo com um conjunto maioritariamente de sub-23 e com apenas 4 ou 5 dos habituais titulares, Direito não encontrou quaisquer problemas para vencer – ao intervalo já se registavam 43-0 –, conseguindo até o resultado mais desnivelado do campeonato. E isso diz muito sobre o atual nível competitivo da prova…
Bis de Francisco Tavares, Pedro Rosa, Sebastião Dias e João Antunes, e um  total de 21 pontos para João Silva (um ensaio e 8 conversões, levando-o ao 3.º lugar dos melhores marcadores da DH, com 63 pontos) ajudaram uma equipa de Monsanto que disfarçou muito bem estar tão desfalcada pelas convocatórias para as seleções nacionais de XV e sevens.     

TÉCNICO *80-14 CDUP (12-2)
Na Olaias o Técnico conquistou de forma inesperadamente fácil a 1.ª edição do troféu António Xavier num jogo de sentido único… e obrigatório, face à magnífica exibição do recém-chegado n.º 8 neozelandês Sam Henwood, 23 anos, que desde o apito inicial mostrou ao que vinha e desfez em picadinho a defesa portuense.
O poderoso kiwi – dificilmente se encontrará nos relvados nacionais jogador com esta compleição estamina… – que já andou pela Academia de sevens all black de sir Gordon Tietjens, sempre que recebia a bola, como que se ouvia uma sirene pedindo para os adversários se afastarem, pois ao embalar ultrapassava uma oposição de papel, criando lances de perigo com inusitada sequência.
Foto: Filipe Monte/Rugby Photo Store

Um arrasador quarto de hora inicial valeu aos engenheiros quatro ensaios e o ponto de bónus logo garantido, com a equipa da casa a vencer ao intervalo por 54-0 (8 ensaios).
E na 2.ª parte somaria mais 4 ensaios, mesmo sofrendo dois.     
Curiosamente, antes deste jornada o Técnico registava 17 diferentes marcadores para os seus 18 ensaios.
Mas agora houve finalmente lugar a repetições, com Joe Gardener a assinalar a sua despedida de Portugal (regressou hoje em definitivo aos Estados Unidos) com um hat-trick, enquanto Kane Hancy, Kirisome Laulala e André Aquino, bisaram.
Já Henwood apenas marcou por uma vez, mas as suas arrancadas levaram a mais de metade dos restantes 11 ensaios dos companheiros.
Quanto a Duarte Marques (10 conversões e um ensaio), alargou a sua vantagem na lista do melhores marcadores da DH (também foi o único que jogou nos cinco da frente…), agora com 108 pontos.

ACADÉMICA *43-10 RC MONTEMOR (6-1)
Foto: Fernando Nanã Soares
Os pretos marcaram o seu regresso ao Sérgio Conceição com uma exibição agradável e que lhes valeu o 3.º triunfo da temporada e a subida ao 6.º lugar da tabela. Mesmo com a sua habitual intermitência, a equipa de Coimbra conseguiu armar alguns encadeamentos que redundariam em ensaios de bom recorte – e que seriam especialmente bem aproveitados por Sérgio Franco, autor de um hat-trick, o que o leva à liderança ex-aquo dos marcadores da DH (6, tantos como Gonçalo Foro).
O quinze da casa, que no descanso já fizera três ensaios e vencia por claros 22-3, teve que resistir a um bom quarto de hora inicial de 2.ª parte dos alentejanos, que graças ao seu forte pack avançado foram construindo alguns mauls muito interessantes, mas logo recuperou o comando da partida que concluiu com seis ensaios, dois deles à custa de João Aguiar.      

 BELENENSES *12-17 CASCAIS (2-2)
Um Cascais muito diminuído deu uma lição de eficácia e frieza na estreia do sintético do Restelo (bonito, ideal para dias chuvosos como o de hoje, mas tão cheio de marcas e marquinhas que não têm nada a ver com o râguebi...), batendo uma equipa azul esforçada e que até dominou o encontro ao longo de 65’ (!) mas, sem-rei-nem-roque nem alguém que pensasse o seu jogo, acabaria derrotada sem apelo nem agravo. Salvou-se o bónus defensivo...
Até aos 17’ o jogo desenrolou-se no meio-campo visitante, mas sem que o Belenenses desse alguma vez a sensação de poder marcar.
Os jogadores azuis tinham mais posse de bola, mas não sabiam bem o que fazer com ela, e entretinham-se a andar por ali a passá-la de um lado para o outro – mas deixando-a cair muitas vezes,
Foto: Filipe Monte/Rugby Photo Store
também é verdade.
Depois de todo este faz-que-anda-mas-não-anda o Cascais empertigou-se, foi lá abaixo pela primeira vez... e o 1.º centro Bernardo Gonçalves, numa bela perfuração seguida de passe pelas costas, transmitia para o 2.º centro Facundo Gimenez fazer o primeiro da tarde.
Ele próprio converteria o ensaio e como 6’ depois acertaria uma penalidade, num ápice a equipa da Linha ganhava por 10-0 contra a dita ‘corrente do jogo’. Pois, pois...
Os azuis viam Manuel Costa desperdiçar um pontapé relativamente fácil aos 26’ e à meia-hora seria Bernardo Gonçalves a fechar com chave de ouro um belo movimento das linhas atrasadas do Dramático, para incríveis 17-0!
A partir daí, ou seja, nos últimos 10‘ da 1.ª parte e durante todo o 2.º tempo, o Belenenses – onde o asa Tomás Sequeira constituía o maior perigo, mas sempre tão mal acompanhado, com exceção, aqui e ali, do n.º 8 Júnior Barbosa… –  caiu em cima do adversário, mas denotava uma tal macieza e uma ausência de ‘killer instinct’ que roçava o indecoroso.
E mesmo nas três ou quatro vezes que esteve literalmente em cima da área de ensaio contrária, saiu sem marcar!
Aos 65’ finalmente Pedro Rocha e Melo fez toque de meta para os da casa (7-17) e mesmo sufocando o Cascais, que não pisou uma vez sequer a área de 22 contrária no 2.º tempo, só a 2’ do final – já com o treinador João Uva no relvado – faria o segundo pelo ponta Vasco Poppe.
Demasiado tarde para inverter uma derrota que penaliza a imensa inépcia azul e premeia um Cascais eficaz mas pouco mais que batalhador e corajoso.
Mas é à força de triunfos destes que se vai construindo uma equipa ganhadora, não é malta do Dramático?…    


13 comentários:

Anónimo disse...

É quase certo que não vai durar mais uma semana - mas não deixa de ser assinalável que o Cascais conte por vitórias todos os jogos disputados até ao momento pelos seus Seniores, sub-18 e sub-16.

Anónimo disse...

Parece-me um bocado exagerado o comentário "um Cascais bastante diminuido" dai querer perguntar quantos jogadores faltavam ao Cascais sendo que é publico que faltavam os 4 que tão bem representaram a seleção (Rafa o MVP desse jogo). No entanto ao Belenenses por lesão ou compromissos com a seleção de sevens faltaram pelo menos 3 avançados e 4 três-quartos e não é feito qualquer comentário a esse facto. Alguma falta de experiência e confiança não permitiu a melhor equipa no dia vencer. é também óbvio que o Cascais tem que melhorar muito e já para a semana se quiser evirtar a primeira derrota.

Anónimo disse...

Caro anonimo das 23:36
Vais ter que engomir o que escreveste mao vamos ganhar com bonus mas vamos voltar a ganhar e bom lembrar que teremos de volta os nossos internacionais de XV enquanto que o Direito tera 5 jogadores nos 7s e alem disso em cascais e no nosso sintetico mandamos nos

Anónimo disse...

Lá começam os polvos a mandar bitaites. Dá a sensação que vão fazer uma acção cientifica e não um jogo. E quer se queira quer não, jogo é jogo e daí o interesse e a incerteza.

Anónimo disse...

Vamos com calma.

O Belenenses ontem esteve melhor na Segunda Parte, sem duvida mas na Primeira Parte esteve muito melhor o Cascais.

O Belenenses teve 7 jogadores top de fora mas o Cascais também. Estavam empatados nisto.

O Cascais cumpriu com aquilo que eram os seus melhores objectivos para a Primeira Volta. Tudo o que conseguir nos próximos dois jogos é algo de muito bom.

A pressão está no Direito que não pode perder mais pontos para o CDUL e no CDUL porque é o Campeão. Em Cascais vamos nos próximos dois jogos, sem pressão tentar imiscuir-nos num campeonato que não é o nosso.

O campeonato está-nos a correr bem mas sabemos que existem outras equipas a crescer muito, como o Belenenses, a Agronomia e o Técnico pelo que a segunda volta será bem mais difícil do que foi a primeira.

Com tudo isto ganha o rugby e ganhamos todos nós.

Anónimo disse...

Malta com esta estruruta de campeonato, podemos ficar todos até ao 6 lugar por isso não se preocupem, trabalhem e quando chegarem os jogos decisivos, ai sim é que vamos ver.

Anónimo disse...

O que acontece é que quem ficar em 3º lugar tem a vida muito mais facilitada para chegar às meias-finais. Mesmo que ao chegar às meias-finais perca, porque todas as equipas procuram chegar o mais longe possível na competição. O 4º e 5º lugares vão estar muito equilibrados.

Anónimo disse...

Cdul, direito Confirmações.
Cascais Revelação
Tecnico Intermitente bom/ mau
Belenenses Desilusão/ Péssimo campeonato poucos pontos marcados, muitos sofridos, jogadores não sabem o que fazer com a bola para alem de a passar uns para os outros quase parados, não esqueçer que época de 2013/2014 Belenenses esteve nas 1/2 finais de Seniores e sub 23 este ano nem sub 23 têm, e os treinadores tem de jogar
Agronomia Muito fraca o treinador naõ consegue impor as suas ideias a equipa joga pouco e mal
Cdup/ Academica com os recursos que tem excelentes equipas sub 23 epoca 2013/2014 este ano seniores fazem pela vida uma delas vai ficar em 6º lugar
Crav/Montemor os mais fracos mas atenção a clubes como Belenenses, Agronomia, academica, cdup, quando jogarem em casa deles.

Anónimo disse...

Só para esclarecimento do post efectuado ontem às 08:47, o Cascais tinha de fora entre selecionados e lesionados, pelo menos 9 dos jogadores habitualmente utilizados, de onde será de destacar, pela sua importância em termos de estrutura da equipa, toda a terceira linha titular, para além dos dois talonadores, um pilar, dois segundas linhas e um 3/4, que é atualmente o melhor marcador da equipa e um dos melhores do campeonato.
Daí que não me pareça exagerada a referência a "um Cascais bastante diminuído".

Anónimo disse...

No jogo Cascais vs. Belém, lesionados do Cascais:
- Jose Conde
-Nuno Taful
-Frederico D'Orey
-Rafael Simões
-João Pedro Cabaço
-Salvador Vassalo
-Francisco Sousa
-Rodrigo Ribeiro
-Pedro Andrade
E mesmo assim, ganharam. com dificuldades mas ganharam. O que demonstra uma equipa - não só o XV inicial, mas também os suplentas - muito coesa.

Anónimo disse...

Não entendi o comentário das 21:33 de 26/Novembro...

Jogadores do Cascais lesionados: Nuno Taful e Rafael Simões?

Mas estes não jogaram no dia anterior pela seleção nacional?

Estou errado?

Anónimo disse...

Nuno Taful, Rafael Simões, Salvador Vassalo e Francisco Sousa, não estavam lesionados, jogaram pela seleção. O Pedro Andrade esteve presente. O outro ausente foi o Mário Zeballos (pilar).

Anónimo disse...

O Nuno Taful e o Rafael Simões, e ainda o Salvador Vassalo e o Francisco Sousa, não estavam lesionados, jogaram sim pela seleção no dia anterior. O Pedro Andrade, também mencionado no comentário das 21:33 de 26/11 esteve presente e jogou. O outro ausente da equipa foi o Mário Zeballos (pilar).