11 de novembro de 2017

CONTRIBUTO PARA O FUTURO - FPR, ESTRUTURA COMPETITIVA*

*Pedro Sousa Ribeiro
Um dos objetivos da Federação Portuguesa de Rugby é a representação internacional, o ponto mais alto da competição no rugby português. 
Sendo a competitividade a este nível aquilo que faz internacionalmente conhecido e respeitado o nosso rugby deve ser objetivo da FPR maximizar a nossa prestação internacional, o que exige cada vez mais uma orgânica que possibilite a melhor concretização desse objetivo.

O reconhecimento internacional e mesmo nacional do nosso rugby, passa por uma forte prestação das nossas seleções seniores (XV e Sevens) nas competições em que estiver envolvida, por isso a estrutura competitiva nacional deve estar estruturada de modo a poder maximizar a prestação internacional. 

E não só, também deve ser continuamente monitorizada a prestação de todos os que possam satisfazer as condições para representar Portugal e que legitimamente têm essa ambição. Independentemente da sua origem e onde praticam o seu rugby.

Como então aumentar a competitividade interna ?

No mundo do rugby há vários modelos. Na Nova Zelândia e África do Sul, há quatro escalões competitivos, tendo em conta maximizar a prestação do topo, os All Blacks e os Springboks. 
Esses quatro níveis são as competições de Clubes, a nível regional, os torneio das regiões (NPC, atual Mitre 10 na Nova Zelândia e Curry Cup na África do Sul) , as franquias que participam no Super Rugby e por ultimo, o topo, as seleções nacionais. Na Austrália faltava o 2º nível que está agora em fase de implantação. 

Na Europa e apenas entre as nações mais fortes, a Escócia, Irlanda, Itália e País de Gales adotam este mesmo modelo, de modo a poderem competir ao mais nível mais elevado apesar de um menor efetivo de jogadores, enquanto a Inglaterra e a França, devido à sua dimensão, têm apenas competições de clubes.
Portugal para melhorar a sua competitividade externa, e devido à exiguidade do numero de praticantes,  deverá adotar um esquema similar ao seguido na Irlanda, Escócia, Itália e País de Gales.
Por isso proponho que seja organizada uma competição, intermédia entre o campeonato de clubes e a seleção nacional que permita aumentar a nossa competitividade interna. 

Assim, com base em quatro áreas geográficas, Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo e Sul seriam criadas quatro equipas que disputariam um torneio e possível participação numa competição ibérica. Como há uma maior concentração de jogadores na área de Lisboa poder-se-ia desdobrar essa área três em sub-áreas passando a haver seis em vez de quatro equipas. 
Nestas equipas não poderiam participar mais que três jogadores sem as necessárias condições para representar Portugal. O vencedor deste torneio seria o participante português nas competições europeias.

Em nível imediatamente inferior seriam disputados os campeonatos nacionais, com um numero de jornadas limitadas para permitir que houvesse um quarto nível de competições regionais.
Vantagens deste modelo:
- Possibilidade para muitos jogadores se puderem exprimir a um nível competitivo mais elevado;
- Melhoria do nível de jogo praticado;
- Criação de competições regionais possibilitando vitórias em competições, importantes para a sua afirmação local, para clubes que, de outro modo, não vislumbram essa hipótese.
Dificuldades:
- o muito arreigada espirito de clube existente, dificultando a criação de equipas regionais.
- a dificuldade de obtenção de um patrocinador que possibilite o indispensável apoio material

Cabe á Federação Portuguesa de Rugby uma função de liderança  e por vezes, há que ter a coragem de inovar para que novos objetivos possam ser atingidos. Temos exemplos, no passado, de situações de rutura com hábitos arreigados que originaram saltos qualitativos no rugby português. 
Por exemplo, o lançamento do rugby juvenil, e a prioridade que lhe foi dada, nos anos setenta, a obrigatoriedade de jogos em campos relvados nos anos noventa, e a aposta nos Sevens nos finais do sec. XX e  inicio do sec. XXI.

No que respeita aos escalões mais jovens  Portugal tem vindo a demonstrar garnde capacidade competitiva nas competições internacionais em que tem participado nas ultimas épocas. São prova disso os excelentes resultados obtidos pelos Sub-18, Sub-19 e Sub-20 nas ultimas épocas. 
Estes resultados demonstram a qualidade da nossa formação e a capacidade dos treinadores nacionais para  estruturar competitivamente as equipas. Nos torneios europeus, quer os XV quer os Sevens, têm obtido posições de destaque na competição de nível mais elevado.

Estes resultados comprovam que a organização competitiva interna de topo tem sido de molde a desenvolve as potencialidades intrínsecas dos nossos jovens. Por isso entendo dever manter-se. 

No entanto tendo em conta, que nestes escalões por vezes os clubes apresentam grande variação de nível competitivo poder-se-ia constituir, época a época, o grupo de topo, através de um sistema de rankings a definir em função dos resultados dos diversos clubes nas ultimas cinco épocas. 
No nível abaixo do topo deveremos privilegiar as competições regionais, tendo em conta as dificuldades que para os jovens apresentam grandes deslocações, especialmente em períodos escolares críticos, e as menores disponibilidades financeiras desses clubes.

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