*Pedro Sousa Ribeiro
Um dos objetivos da
Federação Portuguesa de Rugby é a representação internacional, o ponto mais
alto da competição no rugby português.
Sendo a competitividade a este nível
aquilo que faz internacionalmente conhecido e respeitado o nosso rugby deve ser
objetivo da FPR maximizar a nossa prestação internacional, o que exige cada
vez mais uma orgânica que possibilite a melhor concretização desse objetivo.
O reconhecimento
internacional e mesmo nacional do nosso rugby, passa por uma forte prestação
das nossas seleções seniores (XV e Sevens) nas competições em que estiver
envolvida, por isso a
estrutura competitiva nacional deve estar estruturada de modo a poder maximizar
a prestação internacional.
E não só, também deve ser continuamente
monitorizada a prestação de todos os que possam satisfazer as condições para
representar Portugal e que legitimamente têm essa ambição. Independentemente da
sua origem e onde praticam o seu rugby.
Como então aumentar
a competitividade interna ?
No mundo do rugby
há vários modelos. Na Nova Zelândia e África do Sul, há quatro escalões
competitivos, tendo em conta maximizar a prestação do topo, os All Blacks e os
Springboks.
Esses quatro níveis são as competições de Clubes, a nível
regional, os torneio das regiões (NPC, atual Mitre 10 na Nova Zelândia e Curry
Cup na África do Sul) , as franquias que participam no Super Rugby e por
ultimo, o topo, as seleções nacionais. Na Austrália faltava o 2º nível que está
agora em fase de implantação.
Na Europa e apenas entre as nações mais fortes, a
Escócia, Irlanda, Itália e País de Gales adotam este mesmo modelo, de modo a
poderem competir ao mais nível mais elevado apesar de um menor efetivo de
jogadores, enquanto a Inglaterra e a França, devido à sua dimensão, têm apenas
competições de clubes.
Portugal para
melhorar a sua competitividade externa, e devido à exiguidade do numero de
praticantes, deverá adotar um esquema
similar ao seguido na Irlanda, Escócia, Itália e País de Gales.
Por isso proponho
que seja organizada uma competição, intermédia entre o campeonato de clubes e a
seleção nacional que permita aumentar a nossa competitividade interna.
Assim,
com base em quatro áreas geográficas, Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo e
Sul seriam criadas quatro equipas que disputariam um torneio e possível
participação numa competição ibérica. Como há uma maior concentração de jogadores
na área de Lisboa poder-se-ia desdobrar essa área três em sub-áreas passando a
haver seis em vez de quatro equipas.
Nestas equipas não poderiam participar mais que
três jogadores sem as necessárias condições para representar Portugal. O
vencedor deste torneio seria o participante português nas competições
europeias.
Em nível
imediatamente inferior seriam disputados os campeonatos nacionais, com um
numero de jornadas limitadas para permitir que houvesse um quarto nível de
competições regionais.
Vantagens deste
modelo:
- Possibilidade
para muitos jogadores se puderem exprimir a um nível competitivo mais elevado;
- Melhoria do nível
de jogo praticado;
- Criação de
competições regionais possibilitando vitórias em competições, importantes para
a sua afirmação local, para clubes que, de outro modo, não vislumbram essa
hipótese.
Dificuldades:
- o muito arreigada
espirito de clube existente, dificultando a criação de equipas regionais.
- a dificuldade de
obtenção de um patrocinador que possibilite o indispensável apoio material
Cabe á Federação
Portuguesa de Rugby uma função de liderança
e por vezes, há que ter a coragem de inovar para que novos objetivos
possam ser atingidos. Temos exemplos, no passado, de situações de rutura com
hábitos arreigados que originaram saltos qualitativos no rugby português.
Por
exemplo, o lançamento do rugby juvenil, e a prioridade que lhe foi dada, nos
anos setenta, a obrigatoriedade de jogos em campos relvados nos anos noventa, e
a aposta nos Sevens nos finais do sec. XX e
inicio do sec. XXI.
No que respeita aos
escalões mais jovens Portugal tem vindo
a demonstrar garnde capacidade competitiva nas competições internacionais em
que tem participado nas ultimas épocas. São prova disso os excelentes resultados
obtidos pelos Sub-18, Sub-19 e Sub-20 nas ultimas épocas.
Estes resultados
demonstram a qualidade da nossa formação e a capacidade dos treinadores
nacionais para estruturar
competitivamente as equipas. Nos torneios europeus, quer os XV quer os Sevens,
têm obtido posições de destaque na competição de nível mais elevado.
Estes resultados
comprovam que a organização competitiva interna de topo tem sido de molde a
desenvolve as potencialidades intrínsecas dos nossos jovens. Por isso entendo
dever manter-se.
No entanto tendo em conta, que nestes escalões por vezes os
clubes apresentam grande variação de nível competitivo poder-se-ia constituir,
época a época, o grupo de topo, através de um sistema de rankings a definir em
função dos resultados dos diversos clubes nas ultimas cinco épocas.
No nível abaixo
do topo deveremos privilegiar as competições regionais, tendo em conta as
dificuldades que para os jovens apresentam grandes deslocações, especialmente em
períodos escolares críticos, e as menores disponibilidades financeiras desses
clubes.
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