31 de agosto de 2015

ÁFRICA DO SUL AMEAÇADA DE SER IMPEDIDA DE PARTICIPAR NO MUNDIAL

Poderá a África do Sul, ver-se afastada do Campeonato do Mundo de Rugby de 2015, que se inicia dentro de 18 dias em Inglaterra?
Se a ameaça de exclusão é por agora uma suposição (muito fraca), a verdade é que ela existe.

A causa? Um novo partido político - a ANA - ataca a equipe de rugby Sul Africano, no Tribunal de Justiça, alegando que os critérios de selecção são discriminatórias para com os jogadores negros, vinte e um anos após o fim do apartheid.



Recorde-se que um sistema de quotas foi criado há alguns meses com o objectivo de alcançar 50% de jogadores de cor no seio dos Springboks em 2019.
Para 2015, um mínimo de sete jogadores "não-brancos" devem estar inscritos no Boletim de cada Jogo, o que explica a selecção mais ou menos controversa de Rudy Paige (médio de formação) no lugar de Cobus Reinach.

Ao todo, nove jogadores de cor (Mtawarira, Nyakane, Kolisi, Paige, Pietersen, de Allende, Habana, Kirchner, Mvovo) foram chamados pelo treinador Heyneke Meyer.
Um número que não acalmou a ANA, para quem a imagem de uma África do Sul unificado por trás de Mandela e Pienaar é uma quimera, porque "o rugby traiu a confiança de milhões de sul-africanos e continua resistir à mudança e deve ser punido o mais severamente possível."

No The Guardian, o presidente do partido, Edward Mahlomola Mokhoanatse diz:
"A nossa acção tem como objectivo defender a nossa Constituição e remover os vestígios de intolerância racial, exclusão e discriminação.
Embora muito tenha sido feito para transformar o país, os critérios de selecção da equipa nacional de rugby são excludentes e tendenciosos em favor dos brancos."

O partido também enviou uma carta à World Rugby, pedindo-lhe para suspender a África do Sul de sua organização, visto o rugby ser um "desporto de brancos".
O assunto tem sido sempre sensível no país arco-íris, como demonstra os diversos apelos à saída de de Heyneke Meyer após o catastrófico Rugby Championship onde a sua escolha de jogadores foi considerada por alguns como "racista", relatou o Telegraph depois da considerada "uma declaração desastrada" do ex-chefe dos Bulls: "Eu não olhar para a cor da pele, eu olho para os melhores jogadores."

As escolhas do treinador deixaram muitas cicatrizes e algumas delas têm sido apontados como a de
Tendai Mtawarira, jogador negro nascido no Zimbábue ... ou a de Damian de Allende, considerado por alguns de cor em função da sua ancestralidade e como um jogador branco por outros por causa de sua cor de pele...
Bryan Habana afirmou no NZ Herald: "Infelizmente, isso é algo que sempre será parte do rugby Sul-Africano."

Mas afinal a acção movida tem alguma possibilidade de ter sucesso? Ou este movimento não passa de um agitar de águas para relançar o debate e acelerar a transformação do desporto através da introdução de quotas mais drásticas?
Uma coisa é certa: é difícil imaginar que a África do Sul não participe no Mundial, mesmo que os Springboks sejam forçados a apresentar uma equipa modificada à última hora, deixando mais espaços para "não-brancos". Mas se houver punição a justiça deve agir rápido.
Além disso, o Ministro do Desporto, Fikile Mbalula, utilizou a sua conta no Twitter para mostrar o seu apoio aos bi-campeões mundiais:
"Precisamos de uma equipe negra e branca de sucesso para participar no Campeonato do Mundo.
Vamos provar com a camisa verde e ouro que o país está unificado e continua a lutar por uma África do Sul não-racista e democrática.

Vamos estar atentos ao desenvolvimento desta questão, que introduz o primeiro facto não desportivo ao Mundial 2015.

In: www.lerugbynistere.fr/

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