1 de julho de 2012

SEVENS NA INGLATERRA



As series inglesas de rugby de sete, envolvendo os 12 clubes da Premiership, desenrolam-se em quarto jornadas, três de apuramento, com a participação de quatro clubes em cada, e uma final com as duas melhores classificadas em cada um dos apuramentos.

O JP Morgan Asset Management Premiership Series 7s Rugby arrancam esta ano na sexta-feira 13 julho de 2012 no Twickenham Stoop, seguindo-se no dia 20 de Julho no Edgeley Park de Stockport e na quinta feira, 26 de julho no Kingsholm de Gloucester.

A final terá lugar no Recreation Ground de Bath, no dia 3 de Agosto, aguardando-se com interesse quem irá suceder ao Newcastle Falcons que bateram na final de 2011 os Saracens por 31-21.

Notem-se as diferenças das séries inglesas com o circuito português, nomeadamente no fato de serem realizadas no início da época e não no fim, e também nas equipas envolvidas em cada etapa – apenas quatro, realizando-se um total de seis jogos por etapa – o que permite que os torneios de apuramento sejam realizados num final de tarde ou numa noite, durando pouco mais de duas horas cada.

Claro que os clubes da Premiership, que têm obrigação de participar, encaram estes torneios de uma forma séria, e não com as palhaçadas a que assistimos em Portugal – e por isso aproveitam as etapas das séries, para somar alguma receita para os cofres dos clubes.

Nós por cá, não! Que é pecado cobrar bilhete a quem quer assistir ao rugby! (pudera, com a qualidade que é fornecida, melhor seria!)

Nem vale a pena os clubes tentarem encontrar formas de realizar receitas – para quê? Não é muito mais fácil um subsidiozinho, ou acarteira de um benemérito??


7 comentários:

Anónimo disse...

Seria possível realizar um circuito de sevens no inicio da época em Portugal? As mentalidades deixariam?

Anónimo disse...

Não é possível de modo algum comparar a estrutura de sevens em Inglaterra com a nossa realidade.

Se bem que tenhamos muito a aprender quanto ao financiamento e organização do rugby (e os sevens nasceram como se sabe para financiar um clube em dificuldades).

Também não me parece correto referir que é um torneio de início de época, não é bem assim - o Falcons desceram e jogam o torneio -: é encarado como um torneio de verão.

E quanto às equipas serem obrigadas a jogar (elas são sócias na organização) tem muito que se lhe diga.

A JP Morgan Series é uma fonte adicional de receita para os clubes, e os clubes participam geralmente com jovens da Academia, jogadores da equipa B (lá é a A), segundas escolhas da equipa principal ou jogadores convidados.

Esta competição começou no ano passado, quando se encontrou um sponsor. Cada clube faz no máximo dois torneios (o de apuramento, e eventualmente a final). E assim se garante mais rugby na televisão (no ano passado ESPN), mais retorno para os patrocinadores, e mais receita para pagar salários.

No ano passado fui ver a fase final ao Stoop, e por exemplo na equipa dos Wasps não havia um único jogador da equipa principal (habitual nos 23). Dos 12, 5 eram jogadores convidados de equipas de divisões secundárias (Esher, Southend), e dos melhores jogadores da Academia só estava o Sam Jones. A equipa já estava a preparar a nova época.

Concretamente os Wasps poderiam ter jogado com convidados do Esher, Southend, London Welsh, London Scottish, Wasps FC, Rosslyn Park, (British) Army RU e outros clubes com os quais têm ligações e não apresentar um único jogador do clube.

Mesmo os Falcons que venceram tinham vários jogadores sem experiência de Premiership (nunca fizeram um jogo na competição principal).

Esta situação até foi alvo de algum debate na bancada, mas como o rugby foi bom, o pessoal gostou (não foi grande coisa para os Wasps, mas com a equipa escolhida não seria de esperar outra coisa).

Importa dar conta que se conhecia a constituição das equipas antes das séries e final, pelo que ninguém foi ao engano (excepto um ou outro menos atento).

Em Inglaterra existe também a Super Sevens Series (em 2010 quando começou chamava-se National Sevens Series), onde participam equipas especialmente criadas para o efeito, incluindo os famosos Samurais. Compreende 4 torneios, 12 equipas, disputados em Maio e Junho (com transmissão na televisão). É aqui que se vê o melhor sevens em Inglaterra.

Isto para lá de uma imensidão de torneios, particulares sem enquadramento, incluindo o famoso Middlesex Sevens, que este ano não tem lugar (houve o Middlesex Club Sevens em Maio)

Nada disto é organizado pela federação, que tanto quanto sei para lá das seleções e do torneio de Londres nada mais organiza em sevens.

A seleção nacional é uma estrutura à parte, com jogadores sob contrato com a RFU na quase totalidade dos casos - ou seja não jogam pelos clubes.

Estamos pois a falar de mundos muito diferentes.

Mas o Manuel Cabral aborda um ponto muito importante: é preciso que se perceba que o nosso contributo para haver evolução é importante pois as receitas de bilheteira são essenciais a um adequado financiamento.

Há um pequeno esforço individual que os que podem devem fazer: pagar o bilhete, mesmo que haja perto uma banca da CGD a oferecê-los.

Sempre o fiz (mesmo quando alguém mo oferecia), com uma excepção, o triste jogo da seleção nas Caldas (porque estava - como o autor neste blog - numa formação de treinadores e fomos todos fazer a sua análise).

É um ato cívico importante. Lembrando Kennedy: Não perguntem o que a federação pode fazer por vós, perguntem o que cada um de vós pode fazer pelo rugby nacional.

Dá trabalho, mas é possível viver sem depender de subsídios.

Luís Costa

Manuel Cabral disse...

Luis, voltarei mais tarde a este teu comentário, mas queria apenas notar que a Premiership em Inglaterra começa no 1º fim de semana de Setembro e acaba no último de Maio...O que transporta os sevens para muito longe da época que termina, e muito perto da que começa...
Quanto ao facto das equipas que jogam serem as do ano anterior, é natural que assim seja, e não é caso único, pois as super taças são assim também.
Creio aliás que a realização dos sevens em Portugal ocupando a primeira parte da época, seria uma excelente medida, dado que serviria também de atrativo e chamamento aos trabalhos dos jogadores, em particular dos estudantes.
Voltarei mais tarde, depois de Moscovo...

Manuel Cabral disse...

Mais umas linhas...
Quanto à questão do financiamento, não esqueças que a Divisão de Honra é patrocinada pela Super Bock...Mas desconheço até que ponto as verbas disso provenientes são endereçadas aos clubes...
Mas como notaste, a questão do auto financiamento é de extrema importância - se um clube não consegue garantir um mínimo das suas despesas, então é um clube inviável.
E se qualquer um de nós paga 15 ou 20 euros para ir a um cinema e, por vezes, largas dezenas, para assistir a um jogo de futebol, porque não paga também para assistir a um jogo de rugby ou um torneio de 7's?
Aliás devo acrescentar que acho que se fossem pagos os jogos teriam mais assistência, já que a ideia geral é que se é de borla, não presta...
Já volto

Manuel Cabral disse...

Ainda a propósito da questão "início de época" tu próprio constataste no ano passado que "A equipa já estava a preparar a nova época."...
E quanto a serem mundos diferentes, claro que são!
A questão é que os principais clubes e a federação querem ser equiparados àquele mundo diferente, quando insistem em ter seleções de elite, equipas de clube a jogar nas competições europeias, jogadores na via do profissionalismo, estágios, equipas técnicas de grande porte, etc...mas depois, quando se trata de obrigações, querem as mesmas que os clubes do norte de África...ou seja, nenhumas!
É assim um género de fidalguia arruinada, querem as honras e os direitos, mas não as obrigações...

Luis Costa disse...

Obviamente em termos de calendário tens toda a razão.

Em termos de periodização não. Em 2011 não jogaram os melhores porque estava a decorrer a preparação da pré-época, e não é adequado tecnicamente colocar um jogador que está em preparação para rugby de 15 a jogar sevens.

Por isso com excepção do Sam Jones que ainda estava em período de férias, nenhum dos jovens dos Wasps que se previa poderem jogar com alguma regularidade na equipa principal foram colocados nos sevens, assim como nenhum dos antigos internacionais de sevens.

Jogar sevens pouco tem a ver com 15, e colocar sevens em início de época de 15 é perder tempo para a preparação da equipa.

Mas há jogadores que gostariam de jogar sevens, o ponta dos Wasps, Tom Varndell, antigo internacional de sevens, numa entrevista recente disse que gostaria muito de jogar o JP Morgan, mas que o "director of rugby" é quem manda.

Luís Costa

Luís Costa disse...

Em termos de época, parte das equipas inglesas já começaram a preparação em meados de Junho, outras estão a começar agora (depende se foram ou não ao final four). No final de época os jogadores têm um mês de férias e depois regressa-se ao trabalho. É o off-season. Em Agosto já estão a jogar particulares. O pre-season. A 1 de Setembro começa a Premiership.

O JP Morgan, por enquanto, é uma irregularidade no quadro da época normal, para se angariar receita. Há público, há patrocinador, há televisão ... não de pode perder.

Como dizia o Mourinho: em Inglaterra se há data para ter gente nos estádios há futebol (e no rugby não é muito diferente).

Não se pode é dizer (não o dissestes, mas as pessoas podem pensar) que devemos ter sevens no início da época. Não vá voltar a ideia da ARS de abrir a época com torneios de sevens para sub-14, e deixar o 15 para mais tarde. E assim estragar-se a formação dos jovens.