4 de setembro de 2014

PREMIERSHIP MAIS RICA QUE NUNCA *

*Ricardo Mouro
Os fãs de rugby preparam-se para aquela que promete ser a Premiership mais emocionante dos últimos anos, depois de uma época em que os Saints de Northampton conquistaram o seu primeiro título numa final polémica e imprópria para cardíacos. O ano passado registou também a despromoção do Worcester e o regresso do London Welsh que bateu os "gastadores" Bristol no play off de promoção do Championship.

Numa análise à época que se avizinha os alvos a abater, os Saints, não mexeram naquela que foi a receita ganhadora e mantêm a equipa campeã com George North a "ponta de lança". Apenas adicionaram Joel Hodgson que chega do Newcastle, e o flanker Jon Fisher que vai cobrir a lesão de Sam Dickinson. O pilar Corbisiero parece estar finalmente a 100% depois de lesão no joelho, ele que 
descansou durante a Tour inglesa à Nova Zelândia este verão, e deverá contribuir para voltar a tornar a melée Saint numa arma de destruição maciça dos tempos de Tonga'huia e Mujati.

Há no entanto uma grande expectativa que, finalmente, a hegemonia dos 4 do costume possa ser corrompida. O Bath quase, quase, se intrometeu entre os graúdos e este ano a ambição não só se mantém como parece reforçada. Num espectacular golpe de teatro onde a RFU se meteu ao barulho (quem paga a conta?) garantiu os serviços da estrela inglesa de Rugby League 'Slammin' Sam Burgess. Ainda ao serviço dos Rabbitohs da Austrália a mudança de Burgess é vista pela RFU como uma possivel adição à equipa de elite que se prepara para atacar o Mundial em casa, resta saber como se adapta Burgess à mudança para Union e às disputas na área do breakdown. Outros destaques são a chegada de Luke Arscott (Exeter) e do promissor pilar direito Henry Thomas (Sale).

Outra equipa que desperta curiosidade para esta época é o Gloucester. Arredados de glórias de outrora operaram extensas mudanças, incluindo um novo Director de Rugby, David Humphreys, que substituiu Nigel Davies. Os cherry and whites demonstraram uma inesperada falta de músculo lá à frente e para que não aconteça novamente o Lion galês Richard Hibbard e o campeão do mundo All Black John Afoa renovam a primeira linha, o gigante Galarza e Tom Palmer chegam para a segunda linha formando o que se será um dos packs mais pesados de Inglaterra. Lá atrás o polivalente internacional galês James Hook terminou a sua aventura no Perpignan e vem substituir Freddy Burns que viajou para Leicester. O triângulo Hook, Twelvetrees, Trinder por trás de um pack poderoso promete.

Voltando lá acima, os Saracens despediram-se do seu capitão Borthwick, infeliz a perder duas finais contra Toulon e Saints, mas não se despediram de mais nomes sonantes. Sempre sem problemas a reforçar o plantel o experiente ex-capitão escocês Jim Hamilton substitui Bortwick e Figallo e Longbottom reforçam a primeira linha que perdeu Matt Stevens.

Os Tigers de Leicester, não habituados a falhar a final da Premiership, tiveram uma época transacta improvável. Lesões de jogadores influentes e o anúncio prematuro da saída de Flood abalaram o que parecia ser até então uma fortaleza intocável. Freddy Burns vem substituir o abertura que já brilha pelo Toulouse e o experientíssimo All Black Brad Thorn reforça o pack que vê chegar um contigente italiano (Ghiraldini, Barbieri e Rizzo) com muita internacionalização, e que perdeu Mafi e Waldrom. Outro "reforço" é o regresso de Tom Croft e o pilar Dan Cole que só deverá regressar por volta do Outono após cirurgia ao pescoço. Goneva continua  ser o dínamo das linhas atrasadas com Tuilagi e o poder de choque vai ser reforçado com mais um gigante voador fijiano, Baikeinuku que há uns anos brilhou pelo Clermont.

São normalmente os Harlequins a serem apontados como a equipa provável a cair do grupo da frente.
Verdade é que há um núcleo duro de jogadores da equipa de elite inglesa com muita qualidade que tem "carregado o piano". Robshaw passou as funções de capitão ao jovem pilar Marler que permitirá ao flanker focar-se em liderar a Inglaterra em ano de mundial. Marland Yarde, ponta inglês, vem trazer muita velocidade e capacidade de finalização a uma linha atrasada encabeçada pelo mágico Nick Evans. Tikoirotuma, internacional fijiano, também chega dos Chiefs para ameaçar a posição de Ugo Monye.

Das restantes equipas da liga ainda há qualidade suficiente e nomes sonantes que merecem (muita) atenção. Novamente nestas andanças o London Welsh foi a equipa que mais se reforçou numa lista encabeçada por um campeão do mundo, Piri Weepu. O talentoso All Black pode ter a chama e qualidade que o Welsh precisará para ganhar jogos e garantir pontos. Weepu poderá vir a fazer parceria de médios com Olly Barkley, um dos melhores marcadores da história (1588pts) da Premiership.

Prevê-se que na luta do fundo andará também o Newcastle que procura reunir a afamada dinastia Tuilagi e Alesana vem do Japão e o seu irmão Anitelea de Newport em Gales. No entanto há rumores que um outro jovem Tuilagi (Brian) já levanta sobrolhos na academia dos falcões. Também o "super" Socino que brilhou no Championship pelo Rotherham vai ter oportunidade de mostrar a sua qualidade no topo do rugby inglês.

O Sale ambiciona manter-se por entre os seis primeiros, o que se prevê que será muito difícil, ainda que Cipriani, Cueto, Braid e Seymour mantenham qualidade na equipa. O nome mais sonante nos novos recrutas é o ex-Clermont Nathan Hines que vem trazer ainda mais qualidade ao que foi um dos alinhamentos mais eficazes da época passada. As saídas de Thomas (pilar), Peel (formação), Gaskell (3a linha) e Miller (polivalente 3/4) vão fazer mossa na consistência da equipa.

Os Wasps fizeram do carismático James Haskell o seu capitão para a nova época onde procuram manter a solidez da época passada que culminou com a qualificação para a nova Champions Cup ao derrotar um Stade Français recheado de estrelas no playoff de apuramento. Os Wasps com uma mistura de juventude e experiência precisam de um factor X que poderá estar nas mãos (e velocidade) de Varndell e do recuperado Wade. Wade procura também um regresso à seleção que testou Manu Tuilagi na ponta sem sucesso. Bradley Davies vem do País de Gales para se juntar a Launchbury num alinhamento que certamente servirá de plataforma ofensiva nos 22 adversários.

O Exeter viveu do poderio do seu pack onde o capitão Dean Mumm e o internacional inglês Tom Johnson lideraram o caminho com Mumm terminar o campeonato com 5 ensaios. O músculo foi reforçado com a chegada de Thomas "The Tank" Waldrom e o pilar Moray Low. Nas linhas recuadas a saída de Arscott vai ser difícil de culmatar, os jovens Jack Nowell (defesa) e Henry Slade (abertura) têm a missão de trazer imaginação e fluidez aos movimentos atacantes da equipa.

A terminar esta análise o London Irish passaram de gastadores a equipa mais comedida na construção da sua equipa. As saídas da estrela James O'Connor, o pilar van der Linde e o ponta internacional Marland Yarde não foram compensadas com outros nomes sonantes no sentido inverso. O London Irish deverá andar pela segunda metade da tabela a viver de rasgos de Geraghty e Topsy Ojo.

Alinhamento da primeira jornada:
NORTHAMPTON SAINTS - GLOUCESTER, 6ª feira, Franklin´s Gardens, 19,45h
SALE SHARKS - BATH, Sábado, AJ Bell Stadium, 14,00h
SARACENS - BATH, Sábado, Twichenham Stadium, 14,00h
LEICESTER TIGERS - WASPS, Sábado, Welford Road, 15,00h
LONDON IRISH - HARLEQUINS, Sábado, Twichenham Stadium, 16,30h
LONDON WELSH - EXETER CHIEFS, Domingo, Kassam Stadium, 14,00h

Championship

Em outros tempos a descida do Worcester torná-los-ia nos imediatos favoritos à promoção. Acontece que o Bristol que havia apostado em participar na Premiership apresenta mais uma impressionante
lista de reforçõs que inveja equipas do escalão superior. Para nomear alguns internacionais: Dwayne Peel e Ryan Jones (Gales e B&I Lions), Ian Evans e Matthew Morgan (Gales); Perenise, Lemi e Jack Lam (Samoa) e Ross Rennie (Escócia). Com a descida o Worcester perdeu algum peso (Galarza, Murray e Schofield) mas conseguiu alguns recrutas de clubes da Premiership como Tom Biggs do Bath, Sam Smith dos Quins e GJ van Velze dos Saints. O poderio destes dois clubes deixa pouco espaço de manobra às restantes equipas, os outros finalistas da época passada procuram repetir a presença nos primeiros 4. O Leeds agora é conhecido como Yorkshire Carnegie, uma alusão ao condado que historicamente produz jogadores de boa qualidade para o rugby nacional. O Rotherham fruto da excelente época que realizou perdeu valiosos jogadores para a Premiership com Socino a encabeçar a lista. Laurence Pearce mudou-se para os gigantes de Leicester enquanto que Mulchrone, Sowrey e Sanderson foram arrebatados pelos agora rivais Worcester.
O Doncaster regressou promovido da National League 1 por troca com o Ealing e prepara-se para a dura batalha que é a diferença entre escalões. Outros destaques desta liga espera-se que o Bedford regresse aos lugares cimeiros e o Jersey é uma incógnita que se reforçou bem no hemisfério sul e na Premiership.

National League 1

O Coventry com Le Roux e sem Maree ataca a National League 1 onde os despromovidos Ealing Trailfinders irão impor o ritmo na frente. Com 4 jogos amigáveis disputados (3 vitórias), onde se destaca a vitória sobre o Nottingham do Championship, o Butts Park Arena recebe o Rosslyn Park na abertura do campeonato já no dia 6.

6 comentários:

Anónimo disse...

O que aconteceu ao Mike Dias?

Anónimo disse...

Da última vez que falei com o Mike disse-me que vai ficar no CDUL.
Abraço
Mouro

Great_duke disse...

Olá Ricardo, obrigado pela crónica. Sabes o que aconteceu ao Gere?

Anónimo disse...

Olá Duke, o Gere ainda nao me respondeu. Mas sei que tinha umas propostas que estava a considerar.
Abraço
Mouro

Anónimo disse...

Parabéns pela esclarecedora rúbrica!
Sofia

Great_duke disse...

Obrigado.