18 de setembro de 2014

GROUNDLINK, UMA EMPRESA QUE GANHOU ESPAÇO NO RUGBY NACIONAL

No final da época 2012-13 surge de forma inesperada um projecto novo no rugby português que pretendia dinamizar o desenvolvimento do rugby na Região Oeste, protagonizado pelo Caldas Rugby Clube, acompanhado pelo Clube de Rugby de Peniche e pelo Clube de Rugby da Marinha Grande, com o apoio de um novo actor no cenário desportivo nacional.

Este novo actor era então praticamente desconhecido no mundo do rugby, mas em pouco tempo assumiu um papel de grande visibilidade, particularmente a partir do momento em que passou a ser o principal patrocinador da equipa sénior do Caldas, que na altura ocupava um modesto lugar na metade de baixo da tabela classificativa da 1ª Divisão.

Falamos da GroundLink, uma empresa do sector da aviação, que, pela mão do seu principal accionista e responsável executivo – o Engº Francisco Bernardino – resolveu apostar no rugby, como forma de se destacar no mercado, e que veio quebrar o ciclo dos habituais patrocinadores das equipas portuguesas, quer pelo facto de não ser uma pessoa conhecida no meio, quer pelas formas que o seu apoio tomou.

O Mão de Mestre tem acompanhado a intervenção da GroundLink no mundo do rugby e apresenta-lhe hoje um pouco de quem é o responsável da empresa, Francisco Bernardino.

Francisco Bernardino é, nas suas palavras, “uma pessoa que sempre gostou muito de rugby, mas que pelo facto de ter nascido e estudado no Bombarral, sítio onde não havia rugby, se limitava a ver os jogos na televisão, e a esperar ansiosamente concluir o ensino secundário e ir estudar para Lisboa para poder praticar a modalidade”.

O que veio a acontecer quando o agora homem forte da GroundLink ingressou no Técnico, e finalmente pode jogar, embora quase sempre na equipa B ou na equipa universitária, com algumas passagens apenas pela equipa A.

“Joguei durante quatro anos, acabei o curso e fui viver para a África do Sul, de onde regressei em 2000.
De 2000 a 2012 andei preocupado com outras coisas da minha vida, e a partir de 2012-2013 voltei a ter espaço na minha actividade para o rugby e voltei a entrosar-me com a turma do rugby”.

“Fora do rugby o Francisco Bernardino é uma pessoa que trabalhou muitos anos em África, regressou a Portugual e fez uma empresa, a GroundLink, na área da aviação, dedicada à limpeza e lavagens técnicas em aviões – é o principal vector da actividade da empresa – que tem como segunda actividade o recrutamento e formação para o sector da aviação, e, finalmente ainda na área da aviação, intervém na área do handling, no lost and found e na publicidade na imprensa a bordo dos aviões.
Temos uma outra área de actuação não conectada com a aviação – Sports and Resorts – onde estamos mais directamente ligados ao rugby e na qual vamos iniciar em breve a nossa actividade na hotelaria, através de uma pequena unidade, um pequeno hotel.
Estivemos em negociação com uma unidade hoteleira na zona Centro do país, mas acabámos por não concretizar esse negócio e estamos agora na fase final da negociação com uma unidade bem mais ao Sul”.

“Quando vim de África, entre 2000 e 2006, tive uma empresa na indústria extractiva, que vendi nessa altura, tendo então passado um ano sabático em que andei à procura de um negócio – abrir uma empresa é fácil, o que é difícil mesmo é ter um negócio.
Decidi-me pela aviação e a GroundLink arrancou em 2008 e teve de facto um crescimento exponencial”.

Uma das coisas que mais abanou o rugby português neste aparecimento da GroundLink, foi uma das formas encontrada para apoiar os clubes, que passa pela contratação de jogadores para a empresa, que depois são disponibilizados para o clube que apoia.

“Não descobri nada de novo, limitei-me a ver como as empresa que apoiam não só o rugby, mas todo o desporto, por exemplo no Reino Unido ou nas divisões inferiores de França, e a fazer o mesmo em Portugal.
Esta decisão de apoiar o rugby coincidiu com o enorme crescimento da GroundLink, que criou muitos postos de trabalho.
Como é sabido o rugby em Portugal está ainda muito ligado às universidades, o que faz com que haja muitos jogadores de rugby com qualificações académicas, e sabe-se também que há uma grande falta de emprego no nosso País.
As duas coisas associadas permitiram que haja hoje muitos jogadores de rugby a trabalhar na GroundLink.

E os resultados foram excelentes. A prova de que estamos muito contentes com isso é que continuamos a admitir jogadores de rugby.
Não é por sermos masoquistas que o fazemos – há uma coisa que é muito clara: as empresas têm que dar lucro, e só há dinheiro para o rugby se a empresa der lucro.
Os jogadores de rugby que vem para aqui, são trabalhadores. Trabalham oito horas por dia na empresa, são profissionais extremamente competitivos, não gostam de perder nem a feijões no campo ou na empresa, são gente extremamente empenhada e a empresa só teve a lucrar com a sua chegada.
Houve um aumento da nossa capacidade competitiva com a chegada dos jogadores de rugby”.

Neste momento a GroundLink tem nos seus quadros 14 jogadores de rugby, e em Novembro deve vir a admitir mais dois, por indicação do Cascais.

“Houve uma altura em que pensámos avançar para a criação de um clube de rugby na empresa, mas acabámos por reconhecer que isso seria muito complicado, e resolvemos optar por outra perspectiva que se adapta melhor à nossa empresa.
No entanto vamos avançar com uma equipa de sevens que participará já esta época em alguns torneios internacionais, eventualmente com a participação de um ou outro jogador do Cascais.
Temos já alguns torneios em vista – entre Madrid, Milão, Manchester, Glasgow ou Barcelona ....... – e provavelmente iremos participar num torneio de Beach Rugby em Portugal.
Quanto a formarmos um clube de rugby propriamente dito, na verdade analisámos a situação mas concluímos que não era a melhor solução para a GroundLink e portanto a GroundLink como Clube de Rugby, para já, não”.

Francisco Bernardino e a GroundLink estão no rugby português para ficar e para marcar presença, e a parceria com o Dramático de Cascais pode fazer com que o clube retome um papel de grande relevo no rugby nacional, que já teve nos anos 90 quando venceu o Campeonato Nacional em cinco anos consecutivos e a Taça de Portugal em três – anteriormente tinha feito a dobradinha em 1986-87.

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