24 de fevereiro de 2019

JOGOS OLÍMPICOS 2020 - DEPOIS DO FRACASSO NO APURAMENTO EM 2015, QUAL O FUTURO DE PORTUGAL?

A história de conquistas da equipa de sevens de Portugal, que teve início com a vitória no campeonato da Europa em 2002 e se repetiu em oito ocasiões, termina logo a seguir ao último triunfo na competição, com a pior participação de sempre em Campeonatos do Mundo, classificações secundárias em anos sucessivos no Europeu e a não qualificação para os Jogos Olímpicos de 2016, depois de uma classificação desastrosa no Torneio de Repescagem da Europa, que se realizou em Lisboa, em Julho de 2015.

A partir daqui alguns pensaram que não podia piorar, mas estavam enganados! No ano seguinte fomos afastados do Circuito Mundial, e não conseguimos o apuramento para o Mundial de 2018...


Com certeza que isto não aconteceu por acaso, antes por falta de visão dos então responsáveis pelo rugby nacional, que não souberem interpretar o que estava acontecendo, e abandonaram os sevens ao Deus dará,  sem uma política de desenvolvimento nacional, e sem o apoio que uma equipa nacional tem que ter para poder se manter no topo da onda, continuando na vanguarda do rugby europeu, e por simpatia, numa boa posição do rugby mundial.

Como alguns responsáveis e técnicos de prestígio defendiam que os sevens eram um desporto menor, nada se fez para garantir uma posição de dianteira para a nossa equipa nacional, que passou a viver de migalhas, de restos da seleção nacional de XV.
É curioso verificar que muitos desses dirigentes e técnicos se apresentam hoje como defensores dos sevens e dão palpites sobre o que ele deve ser em Portugal.
Enfim, um pouco de vergonha na cara não fazia mal nenhum a esses intelectuais...

Para que não restem dúvidas sobre o que se foi passando com a nossa representação de sevens - e também de XV - deixamos aqui um quadro onde poderá apreciar a evolução entre o ano 2000 e a actualidade.


E AGORA, COMO VAI SER?
Com os Jogos Olímpicos de 2020 à vista, e com os novos desafios na Europa e no Mundo, como será que Portugal vai encarar o futuro?
Com eleições à vista, quem vai assumir o leme do rugby nacional e colocar em prática - não se ficando na palavras bonitas! - um projeto nacional para o alargamento da prática dos sevens e o desenvolvimento competitivo da(s) nossa(s) representação (ões)?

A Federação Portuguesa de Rugby divulgou qual o caminho para os Jogos Olímpicos de 2020 e desde já afirmamos que, das duas uma: ou os responsáveis da FPR apostam seriamente nos sevens, criando competições nacionais, e apoiando a constituição alargada de um grupo dedicado à Alta Competição, com, pelo menos, duas equipas masculinas de sevens em actividade, e uma equipa (ou mesmo duas) femininas em trabalho permanente, ou então vai ser outra vergonha e outro passo mal dado, que vai afundar ainda mais o rugby nacional.

Para Tóquio serão novamente 12 participantes (tanto no masculino como no feminino) o que consideramos um erro estratégico, já que o exemplo do Circuito Mundial poderia ter sido seguido (com 16 participantes) alargando o espectro a mais equipas, mas não retirando qualidade à prova, nem obrigando a um maior esforço ou tempo de realização.

Dos 12 participantes está já definido o país organizador, o Japão, restando 11 que serão assim encontrados:
4 - os quatro melhores do Circuito Mundial 2018-19;
6 - os vencedores dos torneios de qualificação realizados nas seis regiões da World Rugby - África, Ásia, América do Norte, América do Sul, Europa e Oceânia.
1 - vencedor do torneio de repescagem Olímpico no qual participarão 12 equipas - o segundo e o terceiro qualificado de cada um dos torneios regionais.

No que nos diz diretamente respeito note-se que as equipas britânicas apenas apresentarão uma equipa nos Jogos, pelo que as restantes não se consideram para este efeito - por exemplo, se uma das equipas britânicas conseguir a qualificação através do Circuito Mundial, nenhuma outra será apurada  através da qualificação regional, mas se nenhuma delas conseguir a qualificação pelo Circuito, apenas a melhor classificada do Europeu seguirá em frente.

Na Europa os torneios de qualificação (masculino e feminino) terão a participação das nove equipas
melhor classificadas na primeira etapa do Grand Prix Series 2019, os dois primeiros do Trophy, e o vencedor da Conferência 1.

Quanto às representações nacionais, a seleção nacional masculina terá que se qualificar entre os nove melhores na etapa do GPS que se realiza em Moscovo a 22 e 23 de Junho, para participar no torneio de qualificação olímpica que se realiza em França (Narbonne ou Nimes) nos dias 13 e 14 de Julho.

Já a nossa seleção feminina, que no ano passado foi despromovida para o Rugby Europe Sevens Trophy, participará nas duas etapas da competição que terão lugar em Junho (a primeira acontecerá na Hungria nos dias 9 e 10 de Junho), e terá que terminar a prova na primeira ou na segunda posição no conjunto dos dois torneios, para conseguir um lugar no torneio de qualificação olímpica marcado para os dias 13 e 14 de Julho, na Rússia (Kazan).

Impossível? Longe disso! Mas se os nossos dirigentes encararem os Jogos Olímpicos como uma brincadeira de um desporto menor, então será com certeza uma palhaçada!

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