16 de abril de 2018

UM GRANDE DESAFIO PARA O RUGBY PORTUGUÊS - OPINIÃO*

* PEDRO SOUSA RIBEIRO
Os recentes resultados das equipas jovens vêm confirmar uma realidade que continuamente se regista desde a vitória no campeonato da Europa de Sub-20 realizado em Lisboa em 2012. 

Desde aí, têm sido consistentemente positivos os resultados das equipas jovens de Portugal, Sub-18 e Sub-20 e ainda dos sevens Sub-18, culminada com a recente vitória no campeonato europeu de Sub-20 realizado em Coimbra. 
Isso demonstra, como já escrevi em artigo anterior, a qualidade de trabalho feito a nível de clube nos escalões jovens e a capacidade das diversas equipas técnicas em construir conjuntos competitivos.

Mas estes sucessos põe um grande desafio ao rugby português: como passar de jovens talentosos a seniores capazes de competir com os melhores dos países do Tier 2 ?

Este é seguramente um dos desafios, entre outros, sobre o qual urge haver uma discussão ampla entre as variadas opiniões existentes no seio do rugby português.

Aqui vai o meu contributo. Outros que se exprimam também.

Uma das possibilidades é promover a exportação de alguns jovens para países de maior competitividade como França e países britânicos, na Europa, ou para um dos três países fortes do hemisfério sul. 
Mas não nos podemos esquecer as origens sociais da maioria dos componentes das equipas nacionais e dos seus compromissos estudantis. 
Se alguns poderão estar disponíveis e para isso devem ser incentivados, outros seguramente o rejeitarão pelos mais variados motivos. 
Um deles poderá ser a não inclinação para uma via profissionalizante.

Outra possibilidade, que pode e deve ser complementar da anterior, é proporcionar melhores condições para a sua prática em Portugal, mais e melhores terrenos, mais e melhores condições de treino, mais e melhores treinadores, e aumentar significativamente a competitividade das competições locais.

Sobre a competitividade das competições não partilho a ideia de que ela passa pela redução do número de participantes nas duas provas principais, tal como se pretende pôr em vigor na próxima época. 
Reduzir o principal campeonato a clubes de Lisboa e pouco mais, é um erro estratégico que afunilará a dispersão territorial do rugby, indispensável para a sua afirmação como desporto de cobertura nacional e que pode ter, a médio prazo, consequências muito negativas. 

Bem melhor seria olhar para as realidade dos países do Tier 1 com população inferior a 6 milhões de habitantes ( Nova Zelândia, Escócia, Irlanda, País de Gales ). 
Nestes, que mantêm ao longo dos anos a sua elevada competitividade, assenta a sua estrutura em três ou quatro níveis. 
Competições de clubes, torneios entre equipas regionais que representam o país nos grandes torneios internacionais, Super Rugby e Champions e Challenge cups. 
Em Inglaterra e França o modelo é diferente, devido á dimensão da sua massa de praticantes, já que baseiam a sua competitividade nos campeonatos de clubes, sem um escalão intermédio.

Portugal, onde o rugby ainda não tem a expressão que atingiu nesses países, deverá caminhar para uma estrutura competitiva a três níveis: campeonatos de clubes, torneios inter-regiões e seleções nacionais.

Só juntando os melhores jogadores de cada região se poderá fazer progredir a competitividade em todo o país e não apenas à volta de Lisboa. 
A constituição de 4 regiões, correspondentes às áreas das três associações regionais existentes e desdobrando a atual AR Sul em duas, Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo e Algarve, seria certamente um forte incentivo à progressão competitiva dos jovens jogadores. 
E por outro lado limitar a dois ou três por equipa, o número de estrangeiros que não qualifiquem para representar Portugal nas competições internacionais.

Cabe à FPR, como entidade de topo do rugby português, encontrar a melhor solução para o tão desejado aumento de competitividade e por em prática um plano que a promova, enfrentando, se necessário, algumas vozes discordantes que sempre aparecem.

Pedro Sousa Ribeiro
16 Abril 2018

Sem comentários: