19 de setembro de 2009

PORQUE NÃO O LISBOA SEVENS DE NOVO?

Enquanto a nossa seleção de sevens disputa o Namíbia Sevens, a Austrália joga com a Nova Zelândia, em Wellington, o último jogo do Três Nações deste ano. Neste encontro, estão em disputa uma série de aspectos. Claro que o principal é o resultado direto do jogo, e neste particular, a Nova Zelândia leva grande vantagem histórica. Na verdade a Austrália não consegue ganhar em terra dos maoris desde 2001 (9 vitórias consecutivas da NZ), pelo que podemos imaginar a vontade de vencer que vai embalar os Wallabies. Do lado dos All Blacks, manter a tradição é a única vitória que podem alcançar, pois a vitória na competição já está muito bem guardada em casa dos Springboks. Muito pouco para os neo-zelandeses, na verdade... Por outro lado os australianos, se vencerem o jogo por mais de 15 pontos de diferença, ultrapassarão os seus rivais no ranking da IRB, roubando-lhes o segundo lugar. Quanto ao primeiro lugar desse ranking, ele está também com a África do Sul. Esta é a 158ª partida entre Austrália e Nova Zelândia, com larga vantagem para os Blacks: 108 vitórias e apenas 45 derrotas, com 5 empates. Entretanto, no continente africano, a Federação de Rugby da Namibia meteu as mãos na massa e conseguiu, em pouco tempo, marcar uma data no calendário internacional da modalidade, com a organização do primeiro Torneio Internacional de Sevens do país. Continente em fase de grande expansão rugbistica, a África não tem ainda estabelecidos os marcos definidores da sua implantação, encontrando-se tudo em aberto. Com exceção da África do Sul, não existe no continente, por enquanto, outra potência do mundo oval. A Namíbia, que ocupa o segundo lugar regional atrás dos Sprinboks, não consegue mais, no concerto das Nações, que um modesto 25º lugar. No entanto, este lugar confere-lhe uma posição no conjunto dos países em desenvolvimento, conforme definido pela IRB, ao lado de Portugal, Espanha, Uruguai e Rússia, entre outros. No que respeita aos Sevens, e mesmo tendo em consideração a pouca exatidão do ranking respectivo, que apenas diz respeito à participação nas Séries da IRB, a situação continental é significativamente melhor, com quatro equipas entre as 20 melhores, e duas entre as 10 melhores. A África do Sul, com enorme consistência ocupa o topo desta tabela também, e o Kenya, que no rugby de XV não passa da 42ª posição, tem aqui um destaque extraordinário, roubando para si a 6ª posição da tabela. Completam o cenário a Tunísia (19º) e o Uganda (20º). E é nestas circunstâncias que a Namíbia consegue um lugar ao sol, com o Namíbia Sevens. Fruto de uma estratégia bem bolada pelos seus dirigentes, a Namíbia conseguiu garantir um patrocínio para seis anos, no valor total de quase 1.666.000,00 euros, o que dá cerca de 280 mil euros/ano. Cansados de aturar o anterior patrocinador que não andava nem desandava, a Federação da Namíbia conseguiu atrair o apoio de uma empresa publica namibiana (TrustCo), multifacetada, com interesses nas áreas financeira, seguros, educação, media, telefonia móvel, entre outros. Depois de garantido o suporte financeiro, a Federação apresentou o projeto do Torneio à IRB, que em finais de Agosto acabou por lhe dar o seu acordo e consentimento. E em menos de um mês, os dirigentes africanos conseguiram garantir a presença de um conjunto invejável de presenças, montando aquele que deve ser o melhor Torneio de Sevens deste início de época. É uma história que nada tem de especial. Mas prova que com vontade e determinação se conseguem estabelecer metas, vencer obstáculos e obter resultados. Fica a lição para quem a quiser aprender. Porque não o Lisboa Sevens de novo?

Sem comentários: