3 de julho de 2017

NOS SEVENS PORTUGAL BATEU NO FUNDO?

Quando três semanas atrás mostrámos o nosso desagrado com o 11º lugar que Portugal tinha conseguido na etapa polaca (em Lodz) do Grand Prix Sevens, tínhamos uma certa esperança que fosse possível reverter a série de erros que vinham sendo cometidos, e que, com três semanas para emendar a mão, fosse possível darmos uma subidinha nos degraus do GPS.

Oh triste ilusão! A queda do rugby nacional segue em velocidade incontrolável e desta vez, em Clermont-Ferrand, Portugal conseguiu aquilo que nunca antes tinha alcançado: o último lugar num torneio de sevens do campeonato do Europa!

Derrotado até pela Polónia - que ainda é o nosso salva-vidas! - Portugal de Cassiano Neves consegue assim a pior classificação de sempre dos nossos sevens, que um dia foram grandes, respeitados e temidos... Algo que os mais jovens não saberão tão cedo o que significa...

Numa altura em que se afirma tanto o desejo de conhecer quem foi o responsável disto ou o responsável daquilo, talvez fosse bom saber-se quem foram os irresponsáveis que nos fizeram chegar ao fundo do poço...
Mas como em muitas outras coisas - algumas bem debaixo do nariz dos que gostam de rugby - não vai haver responsáveis - como por exemplo quem em 2011 se vangloriava que tinha dito que ia fazer duas seleções separadas (XV e Sevens) mas não o fez e "ninguém deu por nada"!
Pois é, mas isso foi dito na minha cara em dia de apresentação de (mais) um lindo projeto, nas instalações do Comité Olímpico de Portugal, por alguém que agora me escreve cartas ofendidas como se fosse a mais pura das donzelas!

Enfim, misérias morais...

Este final de semana vai com certeza ficar na memória dos sevens nacionais, e pelo pior dos motivos.

Fiquem com o quadro dos resultados da terceira etapa do Grand Prix Sevens, e com o ranking atualizado da competição.



6 comentários:

Unknown disse...

Infelizmente a culpa não é só da federação mas da tradição que este desporto transporta. Só quem não está atento à formação nos clubes não repara que o rugby é um desporto elitista onde se coloca o estatuto social acima dos projetos e dos interesses reais do rugby. Vemos os clubes cheios de nomes 'pomposos' mas sem capacidade de formar jogadores a sério para todas as posições que uma equipa de rugby precisa. Depois vemos esses mesmos jovens ricos, altos e esbeltos chegarem a seniores e mostrarem que correr e ter dinheiro não chega. Com equipas sem peso, força e técnica não há milagres, mas fica bem ter apelidos ricalhaços a jogar.
Porque é que o antigo campeão e que se diz o supra sumo da formação teve de ir repescar o 'Pipas' a meio da época? Não há meninos ricos com peso para a primeira linha ou o clube não os forma e aposta apenas em 'corredores'?

Manuel Cabral disse...

Por erro de digitação foi excluído um comentário, e pelo facto pedimos desculpa. Vamos reproduzir esse comentário com indicação do seu autor.

"Este comentar é abjecto"
José Luis Salema

Manuel Cabral disse...

"Este comentário é abjecto"
José Luis Salema

Antonio Ramiro disse...

Portugal cai cai e acho que ainda vai cair muito mais .

Não se percebe , a grande ingenuidade de um presidente que achava que ia mudar o mundo , com a grande inexperiência de um conjunto de técnicos pouco preparados para estas andanças , deu no que deu , os piores resultados da nossa história .

Temos que levantar para mais não afundar , julgo que os clubes e seus dirigentes devem fazer uma análise profunda da situação porque algo vai muito mal . Depois de 2007 e dos rios de dinheiro que foram entrando e gastos sem qualquer controlo e principalmente registar qual o retorno , eis o resultado .

É hora de alterações profundas , seria hora certa para fazer um resert total , começando pelos quadros técnicos da FPR que falharam rotundamente e administrativo .
Em termos desportivos pelo conhecimento que tenho e pelos desabafos que vou ouvindo o apoio aos clubes não existe , desenvolvimento nem vê-lo e as pessoas que ocupam estes cargos estão à mais de uma década .
Administrativamente sistematicamente houvesse falar de desorganização em competições , falta de celeridade nos processos e de capacidade de resposta às solicitações .

Perante este quadro negro a hora devia ser de renovação completa de quadros e traçar um rumo diferente apoiado por um projecto integrado .

Com certeza que as pessoas tentaram o seu melhor , mas os resultados quer do desenvolvimento pós 2007 , quer das seleções nacionais não deixam dúvidas para qualquer gestor , não foram atingidos objectivos mínimos e a degradação de resultados e sobretudo da imagem do rugby nacional está a níveis nunca vistos .

Espero que os clubes e seus dirigentes estejam cientes da urgência das mudanças , mantendo o mesmo quadro sem qualquer alteração de fundo , será compactuar com a contínua degradação do rugby nacional .

Cumprimentos a todos ,
António Ramiro

Claudio disse...

Estou longe de mais para confirmar se o problema é ou não é uma questão de classes sociais ou, pior, de castas sociais, mas uma coisa é certa, se também estamos no fundo do poço em relação ao XV é 1/por falta de formação/valorização de avançados em Portugal e 2/por não termos, nos últimos meses, compensado essa carência com recurso aos profissionais dos campeonatos franceses.

O rugby português/em Portugal pode ter muito para melhorar em termos de estruturas, formação e organização, mas as derrotas dos últimos meses/anos da seleção nacional de XV poderiam ter sido evitadas se todas as forças tivessem sido aproveitas, ou seja a queda do XV de Portugal ao nível international tem a ver com uma evidente incapacidade a utilizar os jogadores de primeira linha que alinham nos campeonatos de Prod2 e de Top14 (Mike Tadjer Barbosa, Francisco Rodrigues, Cristian Spachuk, Antony Alves, Geoffrey Moise e também, na altura, Francisco Domingues)

Podemos jogar e brilhar com três quartos que não treinam a tempo completo, mas é propriamente impossível rivalizar com avançados profissionais se não temos nas nossas próprias linhas corpos formados no mesmo ritmo.

Se tivéssemos, no très últimos anos, entrado em campo EM TODOS OS JOGOS com uma primeira linha exclusivamente composta com jogadores profissionais de França (deixando para os últimos 30 minutos os jogadores avançados formados em Portugal), não estaríamos no fundo do poço, mas sim à borda da piscina a beber caipirinha.

Por vezes pequenos erros trazem grandes problemas...

Abraço

Carlos Dores disse...

Boa tarde a todos

Enquanto antigo praticante foi com muito interesse e orgulho que assisti, em 2007, ao reconhecimento nacional e internacional da selecção que representou Portugal em França. Conseguiram contagiar mesmo aqueles que não conheciam ou pouco sabiam sobre a modalidade. Fiquei agradavelmente surpreendido pelo percurso que levou até este estado de coisas, refiro-me a 2007. Isto porque durante muitos anos estive afastado da realidade rugbistica por motivos que agora são irrelevantes. Foi há cerca de 2 anos que voltei a contactar com o actual cenário e constato que há uma diferença abismal, em diversos aspectos, se comparados com a realidade que conheci. Os resultados são um factor de aferição sem qualquer compaixão. Ao ler os comentários anteriores e porque aprendi a gostar muito desta modalidade, não só mas também, porque essencialmente me ensinou valores e condutas que foram e me serão sempre úteis. Tal como em algum momento já ouvi, é difícil subir a montanha, mas é mais difícil ainda manter-se equilibrado lá no topo! Num antigo comentário sobre um anterior artigo escrito pelo Manuel, alguém sugeria que se visse um programa intitulado "Fábrica de campeões". Esse alerta permitiu-me ver um programa fantástico em que se via antigos All Blacks (aparentavam rondar talvez os 50 anos?) a ensinarem miúdos de 5 a 8 anos. Em Portugal como se integra ou aproveita a experiência e a maturidade de antigos atletas? O que é feito dos membros que constituíram a equipa de 2007? É preciso ganhar com humildade e perder com dignidade e, isso, implica que a responsabilidade jamais será de uma única pessoa ou de um único organismo. As críticas veladas, só por si, degeneram no mesmo tipo de comportamento. É contagioso. Há que parar, pensar e assumir o compromisso de querer mudar o actual rumo. A liderança eficaz não é algo que seja fácil e/ou se alcance de um dia para o outro. Certamente que a equipa de 2007 não se ergueu em 2 anos; certamente que o actual Presidente da Federação não está lá porque se auto nomeou; certamente que temos muita gente válida que estará disponível para contribuir e cooperar assim sejam reunidas condições que consolidem e justifiquem os valores e os princípios que todos sabemos estarem na génese da modalidade.