6 de dezembro de 2021

SELEÇÃO FEMININA VENCE BÉLGICA EM JOGO DO WOMEN'S TROPHY DA RUGBY EUROPE

Sábado foi um dia muito especial para o Rugby feminino português. O XV português defrontou a Bélgica para o Women’s Trophy 2021/2022 organizado pela Rugby Europe, a Federação Europeia de Rugby.

Além de uma experiência singular em 1995 e sem qualquer significado, quando um XV português se deslocou a Heidelberg na Alemanha para um jogo único e que terminou com uma derrota por 0-50, o jogo de ontem foi o primeiro de uma competição oficial.
Esse jogo foi organizado para comemorar o 100º jogo da seleção nacional que se realizou no mesmo dia e local, sendo a equipa feminina treinada por Henrique Rocha e V. Constantin.

Em 1995 o rugby feminino era embrionário e apenas algumas dezenas de jovens principalmente
localizadas no Norte e Centro do país, o praticavam com alguns jogos integrados nos Convívios de jovens e em versões de rugby reduzidas, normalmente de sete, em metade de um terreno de jogo de Rugby XV.

Foi apenas na época 2000/2001 que se realizou a primeira competição nacional devidamente organizada pela FPR e que teve como vencedor o Grupo Desportivo dos Pescadores da Costa da Caparica, que juntamente com a Agrária de Coimbra, dividiram a supremacia nos seis primeiros anos. Apareceu depois o Benfica que herdou muitas das jogadoras que se haviam iniciado n Clube da Costa da Caparica, quando este clube encerrou a sua seção de Rugby e que venceu a prova durante 4 épocas consecutivas, até ver o seu domínio interrompido pelo Técnico, vencedor em 2010. Na organização dessas provas teve papel importante Sofia Nobre Ferreira que, à época, integrava a direção da FPR. Nessas épocas também se realizaram torneios de Sevens normalmente na fase final de cada época. CRAV, CDUP, Agronomia, RC Loulé, RC Bairrada foram outros clubes que também participaram ativamente nessa fase do Rugby feminino enquanto outros, em Braga, em Évora, em Santarém, em Vila Real de Santo António, na Lousã tiveram existência fugaz.

Logo em 2003, Portugal participou no campeonato europeu de Sevens e cuja participação se tem mantido desde essa data com maior ou menor sucesso.

Essa fase de desenvolvimento foi um pouco interrompida nas épocas de 2013/14 a 2017/18 em que apenas foram disputados torneios de Sevens por pressões de alguns responsáveis clubistas que, ou por terem apenas um grupo limitado de jogadoras ou por considerar que Portugal teria melhor capacidade competitiva nessa variante, foram determinantes nas decisões tomadas pelos dirigentes federativos. Foi um enorme erro estratégico que retardou a expansão do Rugby feminino por alguns anos. Alienou um conjunto de jogadoras que devido à sua estrutura física não tinham caraterísticas apropriadas ao jogo de Sevens. E mais, torneios de Sevens no Inverno com condições climatéricas inapropriadas, não são apelativos e foram um outro fator de desmobilização de várias praticantes

Em 2018 o bom senso prevaleceu e os campeonatos foram recomeçados primeiro na variante “Tens” seguido de XIII e em 2020 em Rugby de XV. Já com a participação do Sport Clube do Porto e RC Tondela que foram fortes defensores da opção Sevens e ainda do Belas RC e do Cascais.

Entretanto o Sporting CP aderiu ao Rugby feminino com bastante sucesso aliás, enquanto o Técnico desapareceu tal como o CDUP e Agronomia alguns anos antes.

A fase atual, com novo impulso por parte da Federação, apresenta-se num momento de expansão que importa apoiar criando as condições para que esta fase se consolide.

A constituição da seleção nacional que defrontou a Bélgica com jogadoras de 5 clubes demonstra que o Rugby feminino já não está circunscrito a 2 ou 3 clubes.

Criar uma estrutura competitiva consistente que abranja as diversas situações, e os escalões etários desde Sub-16 a Sub-18, continuar com a promoção nas camadas até Sub-14 inclusivé, em que as equipas são constituídas por jovens de ambos os sexos, serão fatores determinantes para que o Rugby feminino se afirme cada vez , acompanhando assim a fase de expansão que se verifica a nível mundial. E promover a constituição de equipas femininas nos mais fortes clubes portugueses que ainda a não possuam, mas sem obrigatoriedade, qualquer que ela seja.

No âmbito internacional, manter a participação no Women’s Trophy tendo como objetivo atingir o Rugby Championship num período máximo de 5 anos. A atuação no jogo com a Bélgica muito positiva, deixou boas indicações para que esse objetivo possa ser alcançado. Além, é evidente, da continuada participação nos torneios de Sevens da Rugby Europe.

Pedro Sousa Ribeiro

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