6 de fevereiro de 2019

E O TERÇO SENHORES? QUEM TOMA ATENÇÃO AO TERÇO??

Completados mais de dois terços da principal competição do rugby nacional - a Divisão de Honra - ficamos perplexos com a ligeireza com que os clubes com mais responsabilidades em Portugal desprezam o cumprimento dos regulamentos, ao mesmo tempo que reclamam por um profissionalismo que manifestamente são incapazes de implementar e de suportar!


Depois dos adiamentos de três jogos da sétima jornada, sob o estulto argumento que era preciso preparar o jogo com a Roménia (!!!), que surgira no calendário sem aviso prévio - note-se que a jornada em referência decorreu (ou deveria ter decorrido) no fim de semana de 12 e 13 de Janeiro, e o jogo com a Roménia seria apenas no dia 30 do mesmo mês - quais foram as iniciativas tomadas pelos clubes envolvidos ou pela Federação Portuguesa de Rugby, para que aqueles jogos se realizem??

Acresce esclarecer que o dito jogo com a Roménia, afinal não era jogo nenhum e não passou de um treino conjunto para preparação do jogo inaugural a contar para o Rugby Europe Trophy que terá lugar no dia 16 de Fevereiro, em que Portugal defrontará a equipa da Polónia...

Voltando à questão dos jogos adiados, e da estranha ausência de respeito pelos regulamentos, voltamos a perguntar quais as medidas que foram tomadas para a realização desses jogos?

É que o Regulamento Geral de Competições é claro quando determina no seu Artigo 30º 3. que os  jogos das competições oficiais cuja marcação seja alterada no decurso da primeira volta têm de ser obrigatoriamente realizados até ao limite de data anterior ao início do último terço da competição. 

E se a matemática não me atraiçoa, numa competição com 14 jornadas - como é o caso da DH nesta época - o último terço da prova começa com a 10ª jornada, que teve a sua realização no fim de semana passado...

Numa altura em que as peças do tabuleiro se movimentam com os olhos postos nas eleições que devem estar a acontecer, seria muito interessante que os clubes de nível superior se pronunciassem sobre esta matéria e sobre a utilidade real de regulamentos e normas de execução...
Porque se eles não são para cumprir, então vamos voltar ao tempo das balizas às costas e dos jogos entre solteiros e casados ou naqueles do género muda aos três e acaba aos seis...

Assistindo ao circo do rugby nacional sem envolvimento clubístico - embora não negue as minhas origens, de que muito me orgulho! - é com tristeza que vejo todo este abandalhamento, que em nada ajuda a credibilizar o rugby nacional, seja junto dos orgãos de comunicação social, seja junto de eventuais e potenciais patrocinadores, ou mesmo das entidades governamentais que ainda vão pagando para alguns se divertirem...

Os clubes maiores querem um rugby com uma via profissional? Querem ser levados a sério? Então comecem por cumprir as normas que eles próprios constroem e decidem.
Numa altura em que eleições se aproximam, vamos ver qual a capacidade dos clubes, grandes e pequenos, em oferecer soluções novas, credíveis e que deixem de lado as velhas práticas e os velhos hábitos, começando - claro! - pelo cumprimento dos regulamentos e dos vitais princípios do rugby, que tanto se apregoam e tão pouco se respeitam!

1 comentário:

Carlos Dores disse...

Caro Manuel
Sendo também da velha guarda, decidi elogiar-te pelo artigo que escreves. Primeiro, por ser em prol do rugby, depois pq, sendo genérico, mexe num ponto cultural particularmente sensível. Abraço