14 de agosto de 2009

UM ENORME SUCESSO

O dia de hoje ficará certamente marcado na história do rugby e do desporto no mundo. Na história recente do rugby, a mera hipótese de ver a modalidade inscrita no programa Olímpico de 2016, representa um marco de tal importância que ninguém, repito ninguém, tem o direito de ficar indiferente. Os que se tem oposto, de forma sistemática, à implantação dos sevens, tem agora oportunidade de se redimirem. Muita coisa vai mudar, e mesmo os que apenas agora se convertam, serão bem vindos para essa tarefa. Mas essa tarefa começa HOJE!! O rugby em Portugal não pode perder este comboio. É uma situação única. Antes da modalidade ser importante, já Portugal era importante no seio dela. Mesmo que em Outubro o Rugby não venha a ser votado favoravelmente por 50% mais um dos 115 membros do Comitê Olímpico Internacional – o que não acredito que seja possível – o mundo nunca mais será igual para o jogo do melão. Para já porque só esta escolha da CE do COI é a maior manobra de publicidade que o rugby podia esperar. Em muitos recantos do mundo a modalidade é falada pela primeira vez, e só por isso, já valeu a pena. E nós por cá? Por cá, como no resto do mundo, os sevens começaram por ser apenas um divertimento de final de época, mas aos poucos foram ganhando um estatuto especial e, nos últimos anos, afirmaram-se como um Jogo independente, onde as diferenças para o Jogo de XV são, cada dia, maiores. O jogador de sevens é hoje tão diferente do jogador de XV como os especialistas de futebol na areia são dos futebolistas tradicionais, ou os jogadores de volei de praia dos jogadores do volei de pavilhão. E cada dia que passa, por esse mundo fora, são menos os jogadores de XV capazes de competir a alto nível em sevens e as exigências físicas e técnicas – quer individuais, quer coletivas – cada vez mais marcantes. O grande diferencial em relação a outras modalidades desportivas, é que a quase totalidade dos jogadores de Sevens jogam também XV, e o jogo reduzido tem sido um enorme manancial humano para as tropas do Rugby em geral. A recente RWC Sevens foi disso a prova que faltava, com a crescente tendência dos treinadores das grandes equipas em optar por jogadores de Sevens com provas dadas na especialidade. Desta forma, treinadores como Gordon Tietjens da Nova Zelândia, Ben Ryan da Inglaterra ou Paul Treu da África do Sul, escolheram jogadores que eles sabem poder suportar as exigências físicas e técnicas do jogo reduzido, ou seja, aqueles jogadores que tem jogado com frequência e dado provas no Sevens. Concluindo, na opinião dos referidos treinadores – a quem eu muito respeitosamente junto a minha voz - o Sevens moderno é um jogo diferente que muito poucas estrelas do rugby de XV conseguem acompanhar. Em 1992 quando fui convidado pelo então presidente da FPR, Eng° Raúl Martins, para organizar a participação de Portugal no torneio de apuramento para a 1ª RWC Sevens (1993), ninguém acreditava que seria possível à nossa seleção vir a jogar de igual para igual com as grandes potências do rugby mundial. Mas, e apesar do pouco tempo de preparação, dos problemas que foram detectados e mais tarde resolvidos, da descrença da própria direção da FPR, no seu conjunto, naquele primeiro apuramento, a seleção portuguesa ficou apenas a um ensaio do apuramento. Ensaio concedido frente à Espanha no jogo decisivo, no último segundo de jogo, fruto de um erro tático de um dos maiores jogadores de XV que passaram pela nossa seleção. Erro esse que aquele jogador nunca teria cometido se tivesse tido tempo de aprender, jogando, as particularidades do Sevens. E, por outro lado, é verdade que desde a implementação do Torneio Internacional Lisboa Sevens em 1986, foi evidente a facilidade do jogador português para o jogo reduzido, e rapidamente o Jogo se espalhou por todo o país abraçado por uma multidão de praticantes para quem a participação no Lisboa Sevens era a grande motivação para a prática da modalidade. Na década de 80 e princípios dos anos 90, o desenvolvimento do Sevens foi tímido, fruto especialmente de alguns carolas que se atreveram a desafiar o poder bolorento, que julgava o Rugby um jogo imutável e que apenas era digno de ser disputado por equipas com 15 jogadores.... Hoje, quando se vira a página da 5ª RWC Sevens, o Jogo reduzido e o seu formato de enorme intensidade - depois da escolha da Comissão Executiva do Comité Olímpico Internacional que hoje comemoramos - estão a um passo de fazerem parte dos Jogos Olímpicos, como se espera venha a ser decidido no Congresso Olímpico que terá lugar no próximo mês de Outubro, deixando para trás aqueles Velhos do Restelo que falam muito, empatam muito, talvez receosos de ver as suas quintinhas invadidas e desbravadas. Aliás, como já aconteceu tantas vezes...Esperamos que o membro português no Comité Olímpico Internacional – Engº Lima Bello - tenha uma visão ampla desta matéria, do espírito de camaradagem que envolve este desporto altamente competitivo, e em particular do evidente prazer com que os sevens são praticados por todo o País e as potencialidades de Portugal em lutar por uma medalha nesta modalidade. Estamos certos que sim, e que não deixará de ajudar a abrir as portas para o nosso rugby... Engenheiro! A malta agradece o seu voto! E é neste contexto que devemos analisar a posição da FPR em relação ao Sevens. Uma semana para preparar uma seleção participante de um campeonato do mundo, como aconteceu este ano, é, em qualquer circunstância, insuficiente. Deixar que se misture o jogo de XV com o jogo de Sevens, é fechar os olhos ao que se passa no mundo. Portugal já demonstrou claramente que é capaz de jogar e ganhar a qualquer equipa de Sevens do mundo. Ao longo dos últimos 23 anos, passo a passo, essa certeza deixou de estar apenas na cabeça de alguns carolas para fazer parte das “verdades” universalmente aceites no meio. Perante tudo isto, o que se pode esperar da FPR? Apenas 1- Que reconheça a importância do Sevens, e a especial habilidade dos portugueses na sua prática. 2- Que assuma que Portugal é uma das grandes equipas de Sevens do mundo 3- Que dê à seleção portuguesa todas as condições de preparação e estabilidade, para que Portugal seja um efetivo candidato ao título mundial em 2013 e em 2017, e ao primeiro título Olímpico em 2016, caso se confirme a introdução do Sevens nos Jogos. 5- Que promova e apóie o aparecimento de novas equipas de Sevens em Portugal e de torneios internos que permitam que o jogador português se aperfeiçoe e desenvolva. 6- Que promova e facilite a aprendizagem do Sevens em Portugal pela contratação de técnicos especialistas da modalidade, que circulem por todo o país, divulgando e ensinado o Rugby em geral, e o Sevens muito em particular. Finalmente 7- Que englobe todas estas iniciativas num único projeto, escolha alguém com provas dadas e reconhecida proximidade ao Jogo Reduzido, a quem seja dado todo o apoio, quer de meios quer de influência, que leve a tarefa a cabo, apenas com os objetivos definidos como meta. Será pedir muito? Não me parece, e se tal não for feito, os responsáveis ficarão conhecidos apenas pela sua incompetência em acelerar um projeto de sucesso! Porque, não tenham dúvidas, mais cedo ou mais tarde, os Sevens portugueses vão ser um enorme sucesso!

1 comentário:

Great_duke disse...

Dei hoje conta deste seu post. Quero dizer-lhe que aprecio bastante o seu blog e em particular o "carinho" que dá aos Sevens. Revejo-me na esmagadora maioria das suas opiniões e considero que as suas sugestões deveriam ser levadas a sério.
Não posso deixar de lhe mandar um abraço e o incentivo para que continue...nós, por cá, continuaremos a seguir com atenção o nosso rugby.