Rugby de XV e Rugby de VII - Parte 3

Mas será que disputar um Campeonato do Mundo de VII é incompatível com a participação num Campeonato do Mundo de XV?

Os mais sisudos dirão de imediato que apenas os grandes países o poderão fazer com algum sucesso.

Que nós, cá em Portugal, não temos qualquer hipótese de apresentar duas seleções competitivas simultaneamente.

Que a manutenção de uma seleção de VII competitiva irá prejudicar irremediavelmente a seleção de XV.

Nada mais errado!


Acredito verdadeiramente que tal é possível, desde que haja uma gestão adequada dos meios disponíveis, que se preparem as épocas desportivas de uma forma harmoniosa e que se acompanhem os atletas de forma atenta e integrada aos objetivos que se venham a traçar.

Vamos ver o que se passou nos últimos doze meses.
Comecemos pelo que aconteceu com a seleção de VII, o seu apuramento e a sua participação no Campeonato do Mundo de 2009.
Portugal teve um comportamento exemplar na fase de apuramento e chegou mesmo a emergir como um candidato a um lugar entre os quatro semi-finalistas do campeonato, fruto das exibições produzidas em torneios no final do ano de 2008.

Depois, já em 2009, com a aproximação dos jogos de apuramento para o Mundial de XV, a seleção de VII pareceu abandonada, sem tempo de preparação, acabando por ter tido uma participação no Mundial de VII muito abaixo da expectativa.

Para mim, que acreditava seriamente na equipa, foi uma completa desilusão.

Mas pronto: sacrificou-se a participação no Mundial de VII pela preparação para os jogos de apuramento para o Mundial de XV.
No entanto, os resultados da seleção de XV no início do ano, foram também muito abaixo do esperado.

Como ficamos afinal?
Foi o Mundial de XV que prejudicou o Mundial de VII ou terá sido ao contrário?
Não sei, nem creio que isso interesse.

O importante é que houve uma interferência negativa de um Mundial no outro, fruto de uma óbvia indefinição de prioridades.

Na verdade, se a participação no Mundial de VII tivesse sido levada a sério, dando a jogadores e técnicos tempo e espaço de preparação, Portugal poderia ter ficado, sim, entre os quatro primeiros.
Mas, por outro lado, se a preparação para os jogos de apuramento para o Mundial de XV em 2011 não tivesse sofrido interferências negativas originadas na participação no Mundial de VII, acredito que o apuramento para o Mundial de XV estaria já praticamente assegurado.

Dentro de dias virá a Parte 4 – E agora, que vamos fazer?