30 de abril de 2023

RUGBY FEMININO EM PORTUGAL - 22 ANOS DE ACTIVIDADE *

*Pedro Sousa Ribeiro

A época 2022/2023 foi uma época de muito significado para o Rugby feminino português. 
Pela primeira vez, uma seleção de XV participou numa competição europeia, o Trophy, e venceu-o alcançando vitórias sobre todas as adversárias, Alemanha, Bélgica, Chéquia e Finlândia.
As primeiras competições nacionais femininas foram realizadas na época 2000/2001 e vinte e dois anos depois Portugal atingia o primeiro nível competitivo da Rugby Europa. Até aí o rugby feminino, excetuando um jogo esporádico de XV com a Alemanha realizado em 1995, estava limitado a participações ocasionais integradas nos convívios de Rugby juvenil. Uma progressão assinalável.

Nessa fase inicial, início dos anos 2000, foram pioneiros o GDP da Costa da Caparica, ISMAI, Escola Agrária de Coimbra, RC da Bairrada e Agronomia ao que se juntou, pouco depois, o CR Arcos de Valdevez. 
Destes, apenas a Escola Agrária de Coimbra tem sido uma presença constante enquanto o ISMAI deu origem, primeiro ao Boavista FC e posteriormente ao atual Sport Clube do Porto, e o GDP Costa da Caparica ao SL Benfica. No Porto também o CDUP participou em algumas provas tendo desaparecido logo de seguida.

Já no fim da primeira década, Benfica, Agrária e a recém formada equipa do Técnico dividiram
entre si todos os títulos nacionais com especial predominância dos dois primeiros. 
Durante esse período as competições foram organizadas em modalidades distintas principalmente X,
XII e XIII, e em todas as épocas, Sevens, constituindo esta variante um veículo importante de
desenvolvimento. Esporadicamente competiram nos torneios de Sevens RC Loulé, RC Santarém, CR Évora, Caldas RC, RC Lousã.
Mas de 2014 a 2017 foram apenas realizadas competições de Sevens o que constituiu um travão ao seu desenvolvimento já que alienava uma parte significativa das jogadoras. Mas a retoma de competições, além de Sevens, em 2017/2018, reiniciando-se com a variante ”Tens” mas que progressivamente se passou a XII em 2019/20 e depois e finalmente a XV, proporcionaram uma fase de progresso. 
A criação do Rugby Feminino no Sporting Clube de Portugal que absorveu várias jogadoras do extinto Técnico, foi um fator que deu forte impulso, sendo a equipa dominante a partir de 2016/2017. Na zona centro o RC Tondela foi também uma presença constante e muito significativa, especialmente nos Sevens.

Esta época e pela primeira vez desde 2018, a hegemonia do Sporting Clube de Portugal foi quebrada com a vitória do Sport Clube do Porto na Taça de Portugal. Uma efeméride que merece ser realçada e que premeia o trabalho feito no Porto.

O sucesso internacional potenciou a sua mais alargada exposição o que levou a que novos clubes estejam a lançar o Rugby feminino o que certamente levará a um aumento significativo de praticantes.
E para competir internacionalmente a um nível superior é indispensável alargar a base de praticantes que possibilite um leque mais vasto de escolha para a representação nacional.

Dos adversários das nossas jogadoras na época próxima, Espanha e País Baixos têm já muitos anos de experiência competitiva a um nível mais elevado enquanto a Suécia já vem competindo no nível mais alto europeu também ao longo de várias épocas.
Mas o Rugby português tem, em várias fases, demonstrado a sua capacidade para competir ao mais alto nível europeu e seguramente a vertente feminina seguirá as pisadas da vertente masculina.

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