7 de dezembro de 2022

APURAMENTO PARA O MUNDIAL DE RUGBY - UMA OPORTUNIDADE A NÃO PERDER


Pedro Sousa Ribeiro
O apuramento de Portugal para o Campeonato do Mundo de 2023 foi um facto assinalável e
representa para o Rugby português um significativo passo na sua afirmação como modalidade de relevância no espetro desportivo nacional.

Este feito, que de um efetivo feito se trata, tem como base a grande dedicação, capacidade e
trabalho dos jogadores bem enquadrados pela equipa técnica liderada por Patrick Lagisquet acompanhado por Luís Pissara e João Mirra.

Mas as condições de que o Rugby português dispõe justificariam a concretização desse êxito?
A resposta para mim é um rotundo Não.
E porquê? 
Se nos compararmos com os países com os quais concorremos na Europa, Geórgia, Roménia, Espanha, Países Baixos, Bélgica, todos eles têm mais praticantes, melhores condições, mais terrenos de jogo, maiores orçamentos. 
Temos podido competir e muitas vezes vencer essas seleções pois a nossa formação é de boa
qualidade, o que é bem demonstrado pelas excelentes prestações nos campeonatos europeus
de Sub-18 e Sub-20 das últimas épocas. 

Portugal desde os anos sessenta, teve várias gerações de profundo conhecedores do jogo, que tiveram ao longo do tempo ação preponderante na formação dos jogadores. Vasco Pinto de Magalhães, António Mário Carqueijeiro, Américo Caetano Nunes, a primeira, seguidos por César Pegado, António Cabral Fernandes, José Bento dos Santos, Olgário Borges, Pedro Lynce, João Paulo Bessa, Júlio Faria, José Cordovil, Jorge Lemos e já mais perto da atualidade Tomaz Morais, Henrique Rocha, Ricardo Sequeira, não falando da geração atualmente ativa. 
A grande maioria deles frequentaram cursos no estrangeiro e mantiveram-se continuamente atualizados com o que melhor era conhecido e praticado nas grandes nações de Rugby. 
Foram eles os principais responsáveis pela evolução qualitativa do nosso Rugby.

E agora como poderemos dar um salto quantitativo e qualitativo? 
Precisamos potenciar a presença de Portugal no Campeonato do Mundo para tornar muito mais conhecida a nossa modalidade, no que uma campanha promocional será essencial, conquistar novos espaços para a sua prática, lançar o Rugby em novas áreas geográficas, promover a continua formação
de técnicos (treinadores e árbitros) e com isso aumentar significativamente o número atual de
praticantes. 
Precisamos de chegar a 100 clubes e duplicar o número de praticantes.
São precisos novos campos de Rugby de preferência com dedicação exclusiva. 
Não é possível, como acontece em muitos clubes atualmente, treinar convenientemente 300 ou mais
praticantes, números dos nossos principais clubes, num único terreno de jogo e mesmo em alguns casos partilhado com o futebol. 
E lançar o Rugby em localidades como Leiria, Aveiro, Viseu, Vila Real, Beja, Portimão onde já existiram clubes ou núcleos e que por uma ou outra razão desapareceram. 
Para que isso seja possível o empenhamento das autarquias é essencial quer para possibilitar o desenvolvimento de clubes já existentes, promovendo a construção de novos campos e para proporcionar condições de arranque e sustentabilidade naqueles em estado inicial.

Poderemos ter como referência a Geórgia que, nos últimos dez anos aumentou significativamente os espaços destinados à prática do Rugby, melhorou significativamente as condições de preparação das equipas nacionais aumentou significativamente o número de praticantes tendo como consequência a melhoria da prestação das suas equipas nacionais.

Se não aumentarmos significativamente os espaços destinados à prática do Rugby poderemos
continuar a crescer, mas lentamente, como nas décadas anteriores, e será perdida uma nova
oportunidade de um crescimento significativo.

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