19 de julho de 2021

RUGBY EM PORTUGAL - 2020/2021*

*Pedro Sousa Ribeiro
Com a excelente vitória sobre a Rússia terminou a época de Rugby em Portugal - época essa bem diferente do normal devido à turbulência causada pela pandemia Covid 19, com provas nacionais disputadas apenas nos seniores e com modelos competitivos bem diferentes dos habituais.

Bem andou a direção da FPR em tentar encontrar modelos que pudessem, em parte, minorar as dificuldades que sucessivamente foram aparecendo. 
E o lançamento da Rugby TV foi uma inovação que em muito permitiu aos amantes do Rugby seguirem os jogos disputados, já que estavam impedidos, por restrições diversas, de os presenciar fisicamente.

Bem-haja a FPR por esta inovação e apenas esperamos que seja mantida e aperfeiçoada no futuro.

Os campeonatos de Seniores conseguiram atingir o seu termo. 
A divisão principal (Divisão de Honra) terminou com a vitória do Técnico, que assim conquistou a terceira da sua história após um interregno de 23 anos. Qualquer dos quatro finalistas poderia logicamente aspirar ao título máximo já que o equilíbrio foi a nota dominante nos jogos das meias finais e da final. 
O Técnico conseguiu na parte final da época atingir um momento de forma que lhe possibilitou atingir o título máximo.

No segundo nível competitivo, a denominada Primeira Divisão, o CR Évora conseguiu alcançar a
vitória numa final também altamente disputada com o CR Santarém e assim alcançar a subida ao nível mais elevado do Rugby nacional. 
E o segundo classificado, o RC Santarém, esteve perto de o conseguir também já que no jogo de “barrage” com o penúltimo da Divisão de Honra, o RC Montemor, esteve muito perto de conseguir a vitória.

Na Segunda Divisão a equipa B do CDUP venceu na final o novel CR Setúbal, sendo este promovido à
Primeira Divisão na próxima época.

Os mais jovens viram a sua época quase totalmente anulada pois apenas se realizou alguma atividade no mês de Junho.

Na esfera da atividade internacional Portugal conseguiu realizar todos os jogos programados o que não aconteceu com os outros participantes no Rugby Championship (a Geórgia também realizou os previstos cinco jogos). 
Ainda relativo à época 2019/2020 Portugal iniciou a sua campanha internacional em Fevereiro defrontando a Espanha em Madrid, jogo que originalmente estava programado para Março 2020. 
E não começou da melhor maneira pois foi derrotado pelos espanhóis.

O Rugby Championship de 2021 era de importância vital para as aspirações de Portugal à conquista de um lugar para o RWC 2023 a disputar em França. 
Essa caminhada iniciou-se com o jogo com a Geórgia seguido de jogos com Roménia e Espanha todos realizados em Lisboa.
Com uma equipa estruturada com base em jogadores que atuam no campeonato português e com portugueses que atuam em França a seleção mostrou ser uma equipa fortemente competitiva apesar de estar apenas na segunda época consecutiva a disputar a principal competição da Rugby Europe. 
Esta política de incluir todos os portugueses que podem aspirar a representar o seu país, que advogo desde sempre, mostrou-se totalmente correta e demonstrou claramente quão errados estavam todos aqueles que defendiam a exclusividade de representação nacional aos jogadores que integram equipas portuguesas. 
Essas individualidades, quer em posição de opinar ou de decidir, prestaram um mau serviço ao Rugby português e que o fez estar afastado da principal competição da Rugby Europa durante alguns anos. Felizmente que essas posições foram ultrapassadas e a atual direção da FPR soube encontrar o caminho correto.

A caminhada não começou da melhor maneira: duas derrotas com Geórgia e Roménia deixaram um certo amargo de boca nos portugueses. Em qualquer dos jogos estivemos muito perto de conseguir melhores resultados, não fossem dois ou três erros nos momentos finais dos jogos que nos impediram de alcançar um ponto de bónus no jogo com Geórgia e uma vitória no jogo com Roménia. 
No terceiro jogo, Portugal bateu a Espanha mostrando ser superior e relançou a sua candidatura à RWC 2023. 
Nos dois últimos jogos realizou duas excelentes exibições tendo derrotado sem margem para dúvidas os Países Baixos e a Rússia. Se a primeira, recém-promovida do escalão inferior não ofereceu oposição forte já o mesmo não se antevia com a Rússia. 
Em 21 jogos disputados (não considero os 2 jogos com a URSS nos anos 80 já que, nessa época, os jogadores georgianos eram maioritários nessa seleção) Portugal tinha obtido apenas 6 vitórias, a última das quais em 2011, seguida de 7 derrotas consecutivas.
Mas a seleção portuguesa plena de maturidade e determinação obteve uma vitória muito significativa e pena foi que tivesse perdido perto do final o ponto de bónus atacante.

Passada que foi a época 20020/2021 quais são agora as questões principais que se põem ao rugby português para época 2021/2022?

Na vertente interna sem dúvida, a recuperação da atividade competitiva dos escalões Sub-18 e Sub-16, e de toda a área de formação. Tarefa nada fácil, depois de uma época e meia sem praticamente atividade alguma, cabe aos clubes mobilizar os seus esforços para reconquistar todos aqueles e aquelas que eventualmente se tenham afastado. 
Esta situação não é específica do Rugby pois atingiu todas as modalidades desportivas e com maior incidência nas coletivas.
E a reposição dos sistemas de disputa dos campeonatos existentes anteriores às perturbações causadas pelo Covid 19.

Na vertente externa a continuidade dos últimos resultados alcançados e com uma cada vez maior capacidade competitiva da nossa seleção. Na próxima época será vital continuar a desenvolver o nosso modelo de jogo e tentar eliminar os pontos menos bons verificados. Este conjunto de jogadores talvez constituam a melhor seleção de sempre do Rugby português e têm ainda claramente espaço de progressão e capacidade para alcançar os resultados que permitam atingir o objetivo principal: a qualificação para a RWC 2023.

Mas uma nova competição será lançada pela Rugby Europe. a Super Cup disputado nesta
primeira edição por 8 equipas dividida em duas Conferências: Leste e Oeste. 
A FPR decidiu e bem que Portugal deveria estar presente nesta nova competição. Qual o melhor modo de potenciar esta participação fica para o próximo artigo.

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