24 de julho de 2019

PORQUE NÃO TREINADORES PORTUGUESES? *

(*) Carlos Dores - artigo de opinião
Dando seguimento a um repto lançado pelo Pedro Ribeiro num artigo de opinião sobre o apoio às seleções nacionais de rugby, foi esta a forma que encontrei para vincar esse mesmo apoio, após ter visto o último jogo dos sub-20 contra o Japão em terras do Brasil para o World Rugby Trophy.

O desempenho da nossa equipa de sub-20 só vem confirmar que os treinadores portugueses têm tido um desempenho deveras categórico, aliás como se provou também no recente apuramento para o Rugby Europe Championship.

Mas, tudo isto, a propósito do recente anúncio, por parte da FPR, de que a gestão da vertente desportiva irá ficar a cargo de uma equipa técnica francesa, embora com a presença de um internacional português (David Penalva).

Não questionando a sua competência e/ou as suas habilitações para o desenvolvimento da modalidade, mas antes o que se terá passado com os anteriores selecionadores para que deixem de exercer as suas funções, depois dos resultados obtidos?

Refiro-me concretamente a dois nomes, pois é através da sua liderança que são conhecidos e reconhecidos os objetivos alcançados: Martim Aguiar e Luis Pissarra.
Não os conheço, mas em abono da modalidade, o que se pretende alcançar quando, depois de conseguidos resultados como aqueles que foram obtidos pelos XV do escalão senior e sub 20 das seleções nacionais, não são suficientes para assegurar que haja um trabalho continuado e valorizado?
Basta estar atento ao fenómeno desportivo para encontrar exemplos de diversas modalidades em que os treinadores portugueses são de referência.
Que o rugby se diferencie, sim, mas também pelo exemplo.

Carlos Dores

4 comentários:

José Luis Machado santos disse...

Totalmente de acordo

Claudio disse...

Reposta evidente (peço desculpa) :

Porque a nossa equipa de seniores já não consegue atingir o nível da Geórgia, Roménia, Rússia ou Espanha sem os seus avancados dos campeonatos franceses, não porque os avançados de Portugal não têm qualidade, mas sim porque não têm condição física para jogarem 80 minutos neste nível

Porque parece mais fácil conseguir novamente ter esses jogadores de franca na equipa com um treinador que conhece e é reconhecido nesses campeonatos.

Não é mais complicado que isso, não é necessário colocar mais e procurar outras explicações. É apenas uma escolha pragmática e racional.

Mário Correia disse...

Boa tarde,

Não percebo como a resposta é evidente. Portugal nos últimos anos tem jogado no escalão C e tem ganho os jogos todos, cada vez com mais facilidade. Portugal apenas perdeu com a Roménia na época passada o jogo de subida de Divisão.A mesma Roménia que era 2º classificada no Escalão B mas devido ao uso indevido de jogadores foi penalizada e ficou em ultimo lugar do escalão. Ou seja fomos jogar contra uma equipa superior e perdemos mas jogamos muito bem e lutámos até ao fim.

A subida de Portugal ao escalão B Europeu não deve ser para ser campeão logo na primeira época,tal como aconteceu quando descemos de divisão. Devemos ficar a meio da tabela e construir a partir daí com os novos jogadores sub20 a entrarem nos séniores.

Isso chama-se dar continuidade a um processo vencedor que o Martim e o Lois iniciaram nos últimos 3 anos com muito sucesso.

Por muitos méritos que a nova equipa técnica possa ter, a equipa do Martim e do Lois merecia uma oportunidade neste escalão B.

Obrigado.
Mário Correia

Claudio disse...

Boa noite,

Posso estar enganado, mas parece me ser uma questão basicamente fisiológica.

Por ver muitos jogos do top14 e da prod2 - onde se encontram  a maior parte do jogadores da Roménia, Geórgia e Espanha - e por seguir a equipa de Portugal há mais de 15 anos, parece me impossível obter bons resultados rapidamente ou mesmo a médio prazo, sem um 5 da frente inital composto em maioria, a não ser exclusivamente, com jogadores de campeonatos profissionais, os pilares e segundas linhas amadores podendo entrarem depois de 50/60 minutos de jogo.

Mais uma vez não me parece ser principalmente uma questão de falta de qualidade de jogo por parte dos amadores, mas sim de preparação física. No 5 da frente a diferença entre o nível amador ou SEMI amador é o nível profissional é abissal em termos de resistência física ao esforço. Ao meu ver a diferença dos resultados entre a equipa de seniores e as equipas de jovens de Portugal tem apenas a ver com este fator. É verdade que os jovens portugueses tiveram bons e até mesmo excelentes resultados estes últimos tempos, mas parece me que Portugal sempre teve bons resultados com os "putos". A dificuldade, estes últimos anos, a manter esse bom nível ao passar o cabo dos séniores tem apenas a ver com a incapacidade a rivalizar na mêlée com jogadores profissionais.

Para resumir a minha opinião, com jogadores profissionais de número 1 até 5 a entrarem em campo é o resto da equipa totalmente amadora, Portugal conseguiria sagrar-se campoeo da divisão B. Não significa que os profissionais não ajudariam nas outras posições, significa apenas que eles são indispensáveis no 5 da frente e uteis nas outras posições.

Tudo isto parece ser mais fácil com um treinador francês. Na minha opinião.