23 de setembro de 2020

CEO PARA CÁ, CEO PARA LÁ, EM MENOS DE 24 HORAS CBRU MOSTRA SUA COMPETÊNCIA!

A gestão do rugby brasileiro sofreu nas últimas 24 horas um revés que põe em causa toda a sua administração, nomeadamente a ação do seu Conselho de Administração, que, a poucas semanas de eleições, resolveu trocar o seu CEO sem que fossem esclarecidas as razões da troca, por um lado, e por outro lado comprovando a sua menor habilidade na gestão da sua própria dinâmica.

Ontem mesmo, pela manhã, e sem qualquer informação anterior à comunidade do rugby brasileiro, a CBRu (Confederação Brasileira de Rugby) anunciou a saída do CEO Jean-Luc Jadoul e a sua substituição por Eric Romano, com a missão de continuar o legado deixado por Jean-Luc.

Confira aqui:  http://ww2.brasilrugby.com.br/2020/09/22/confederacao-brasileira-de-rugby-anuncia-novo-ceo/ e aqui: http://www.portaldorugby.com.br/noticias/cbru-tem-mudanca-na-posicao-de-ceo

Até aqui tudo parece tranquilo, mas veja bem o que aconteceu e forme a sua própria opinião!

Começamos por lembrar que Jean-Luc Jadoul foi escolhido para o cargo em Setembro de 2019, como resultado de um processo seletivo que antecedeu a substituição de Agustin Danza no comando operacional da CBRu.

Agustin Danza saiu do cargo ostentando os galões de não ter produzido nada que seja compatível com o exagerado salário que usufruía, sem ter conseguido que o rugby brasileiro desse o passo em frente que todos aguardavam depois da passagem da Associação Brasileira de Rugby a Confederação.

Um verdadeiro caso perdido.

Jean-Luc chegou então com a tarefa de reaproximar a comunidade do rugby brasileiro dos seus orgãos dirigentes, de expandir a prática da modalidade, de repassar conhecimentos às Federações e Clubes, de reorganizar a arbitragem.
Claro que no primeiro ano o resultado da sua intervenção foi claramente prejudicado pela pandemia do COVID-19, pela interrupção da atividade e todas as suas implicações, mas ninguém, nem os mais céticos, ousaram insinuar sobre a responsabilidade de Jean-Luc, e com o regresso - lento - que se verifica da atividade, seria normal que qualquer avaliação fosse postergada.

Não podemos porém deixar de referir que neste curto período se verificou uma articulação inédita entre os diversos setores da CBRu, e uma clara aproximação da entidade aos clubes e federações, com destaque para entidades não confederadas. 

Então, aparentemente, não havia razões para o despacho de Jean-Luc Jadoul, e pela sua substituição. Mas o Conselho da CBRu não pensou assim, e sem dar conhecimento a ninguém, acabou por escolher Eric Romano, sem qualquer processo seletivo atualizado - talvez Eric tenha sido segunda escolha do processo que levou à nomeação de Jean-Luc, mas isto não passa de especulação.

Mas enfim, a nomeação e afastamento do CEO é competência do Conselho - presidido por Eduardo Mufarej - e portanto, apesar da estranheza sobre o decidido e sobre a forma de decisão, o caso ficou encerrado na reunião do Conselho de Administração do dia 8 de Setembro, mas que apenas ontem foi noticiado. Veja a Ata da reunião e veja a singeleza da informação no seu ponto 1.4, como se se tratasse de um ato de menor importância, até mesmo meio envergonhado...
Confira aqui: http://ww2.brasilrugby.com.br/wp-content/uploads/2015/12/Ata-de-Reuniao-CBRu-08-de-setembro-de-2020.pdf

Bom, voltamos atrás, depois de ficar claro que a nomeação de ontem foi uma surpresa, para conhecermos o que se passou a seguir!

Ao tomar a sua decisão, a CBRu esqueceu-se de se informar sobre a personalidade do agora indicado CEO, nomeadamente no que diz respeito à sua conduta social.

Não se passaram muitos minutos depois da anunciada nomeação de Eric Romano, para virem à tona recentes afirmações públicas (em 2 de fevereiro, no Instagram) suas onde se enfatiza que O feminismo é um mal a ser combatido. Mulheres e crianças são instrumentalizadas, tornando-se depressivas e frustradas. Homens fracos se tornam emasculados e perdem sua função na sociedade. A família se desfaz e a sociedade vira um caos...

Confira aqui:  https://www.uol.com.br/esporte/colunas/olhar-olimpico/2020/09/22/novo-ceo-do-rugbi-diz-que-feminismo-e-mal-a-ser-combatido.htm

Não vamos qualificar as palavras de Eric Romano, mas é claro que uma comunidade fortemente marcada pela presença feminina, em particular pela sua representação nacional de sevens, única representação nacional a trazer para o Brasil sucessivos sucessos e honrarias, não iria deixar passar aquela postura em claro!!!

Nas redes sociais o clamor foi imediato e imenso, forçando a CBRu e o seu presidente Eduardo Mufarej - curiosamente líder do movimento político RenovaBR... - a aceitarem imediatamente uma inopinada carta de demissão, apresentada pelo próprio Eric Romano!!!

Confira aqui: http://ww2.brasilrugby.com.br/wp-content/uploads/2015/12/Carta_ao_conselho_Eric-Romano.pdf e aqui http://ww2.brasilrugby.com.br/2020/09/22/comunicado-do-conselho-de-administracao/

Afinal, uma Confederação que se gaba tanto, escorregou na sua própria baba, e todo este processo fica por aqui - por enquanto... - com publicação de uma nota por um alargado conjunto de clubes, imediatamente após ser conhecida a demissão do novo CEO, talvez um recorde de pouca duração...

Confira aqui: https://blogdojuca.uol.com.br/2020/09/nota-de-repudio-a-contratacao-de-eric-romano-como-ceo-da-cbru/

E conheça o evoluir da estória através do Portal do Rugby, prestigiado orgão de informação sobre rugby, no Brasil e no seio da comunidade mundial da modalidade.

http://www.portaldorugby.com.br/noticias/cbru-tem-mudanca-na-posicao-de-ceo,    http://www.portaldorugby.com.br/noticias/novo-ceo-da-cbru-deixa-o-cargo-em-menos-de-um-dia,    http://www.portaldorugby.com.br/noticias/em-uma-tarde-rugby-brasileiro-foi-do-pior-ao-melhor

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