4 de maio de 2018

É IMPORTANTE UNIFICAR E NÃO DIVIDIR


O Mão de Mestre sempre tem defendido que o rugby não é propriedade de uns poucos iluminados e considera que todos devem ter oportunidade de expor os seus pontos de vista na tentativa de salvaguardar o que é mais importante na comunidade oval - o sentido de pertencer a um grupo, de fazer parte de qualquer coisa que nos acompanha por toda a vida.

Hoje abrimos as nossas páginas a um antigo praticante, que nos dá a sua opinião sobre o momento que atravessamos.

*Carlos Dores
Antigo praticante da modalidade aqui deixo o meu contributo na tentativa de compreender o actual contexto do Rugby Nacional e a encontrar as melhores soluções, já que em termos comportamentais da generalidade dos agentes, fica a ideia de que não houve evolução, desenvolvimento, nestas últimas quatro décadas.

O que aconteceu no passado fim de semana numa das meias-finais do CN1 não é mais do que a consequência de muitos outros episódios que não deviam acontecer, mas que aconteceram ao longo das mais variadas épocas.

Não vou adjectivar ou qualificar o que se passou na Tapada por dois motivos: não estive lá (mas sim no Jamor a participar noutras iniciativas em prol da modalidade e onde também aconteceram alguns arrufos) e não vou adiantar nada aos comentários que tenho lido sobre o tema.

Chegados a este ponto, das duas uma: continuamos a bater no ceguinho, a tentar desviar a atenção do importante ou queremos fazer parte da solução, porque simplesmente já não é possível alterar nada! Há que aprender com os erros para não os voltar a repetir e que este episódio seja o ponto de partida para uma radical mudança que todos querem que aconteça na modalidade.

Desempenhando episodicamente as “novas” funções de Delegado ao Jogo sob o patrocínio da FPR e como forma de contribuição pessoal, coloco algumas questões:
- É o caso do Agronomia-Direito uma ocorrência única na presente época e que nada fizesse prever que tal poderia acontecer?
- É a responsabilidade dos factos de um único sector/área dos diversos intervenientes (jogadores, dirigentes, árbitros, membros federativos, clubes…) no “jogo”?
- Como é possível decidir sobre o que se desconhece e/ou quando não se está presente?
- Qual a missão de quem “lidera” os vários sectores que integram o panorama do Rugby Nacional?

A grande diferença entre o que se passava há 40 anos (quando Portugal se igualava à Itália em termos de resultados) é que hoje em dia há recursos que podem ser utilizados para ser criado e construído um edifício desportivo bem mais salutar e convidativo para o sustentado desenvolvimento do Rugby em Portugal.

De que serve termos magníficos jogadores nas selecções mais jovens, como muito bem o Pedro Sousa Ribeiro aludiu neste mesmo espaço, se, em seguida, são os exemplos menos positivos que ficam retidos na memória e perduram como uma lâmina sempre pronta a cortar?

Quem e quantos escreveram sobre o facto da selecção de sub-20 ter sido campeã da Europa?

Há que liderar pelo exemplo!
Os Códigos de Conduta e os regulamentos não podem ser meras peças decorativas.
Há que promover e divulgar os verdadeiros Valores do Rugby, entre os quais humildade e respeito ocupam lugar de destaque.

Numa perspectiva conclusiva, é fundamental estarmos atentos à comunicação e que os diversos agentes, em vez de se concentrarem nas diferenças, se movam pelo que os une apesar da diversidade de ideias e conceitos. 
É importante unificar e não dividir!

Em muitos e diversificados momentos, tenho constatado que a componente física, técnica e táctica são preponderantes nas acções de formação. 
Contudo, hoje é reconhecido que o treino mental e emocional faz toda a diferença.
Por último e como mais uma sugestão, certamente há disponibilidade por parte dos Lobos mais antigos de ajudarem e integrarem um lote de seleccionáveis que podem transmitir o seu know how e contribuir com mais valias que não serão certamente dispiciendas.

Carlos Dores
Lisboa, 3 de Maio de 2018

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